São Paulo, quinta, 3 de julho de 1997.



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REELEIÇÃO
Em depoimento, Nabor Júnior diz que recursos federais para o Acre 'passavam' pela aprovação da emenda
Senador vincula votação a verba federal

da Sucursal de Brasília


O senador Nabor Júnior (PMDB-AC) afirmou ontem na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados que a liberação de recursos federais para o Acre "passava" pela aprovação da emenda da reeleição.
O senador prestou depoimento sobre as acusações de compra de votos para a aprovação da emenda da reeleição.
"Não poderia haver dispersão de votos na bancada, pois a prefeitura (de Rio Branco) e o Estado estavam dependendo de recursos federais", afirmou.
O senador se referiu a problemas de inundação na cidade de Rio Branco e à construção de rodovias no Estado.
Nabor prestou depoimento como testemunha de defesa do deputado licenciado Chicão Brígido (PMDB-AC), acusado de ter vendido o seu voto.
A CCJ também está analisando denúncias contra os deputados Osmir Lima (PFL-AC) e Zila Bezerra (PFL-AC).

Cúpula do PFL
A cúpula do PFL está controlando os trabalhos da CCJ. Nos depoimentos do governador Amazonino Mendes (PFL-AM), do governador Orleir Cameli (sem partido-AC) e do deputado José Jorge (PFL-PE), os pefelistas lotaram o plenário da comissão.
O líder do partido, Inocêncio Oliveira (PE), esteve sempre em prontidão para evitar qualquer ataque aos pefelistas.
"Agora eu vou embora, pois já cumpri o meu papel. Os depoimentos mostraram a isenção dos governadores e a isenção dos deputados. O PFL é um partido limpo", disse Inocêncio ontem ao final do depoimento de José Jorge, presidente do partido.

Campainha
O presidente da CCJ, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), teve de acionar a campainha e pedir silêncio aos pefelistas que comemoravam o desempenho de José Jorge no depoimento, considerado bom pelo partido.
Alves queria dar início ao depoimento do senador Nabor, que não contou com a presença da cúpula peemedebista.
O presidente do PFL teve de esclarecer os motivos que levaram o partido a expulsar os ex-deputados Ronivon Santiago e João Maia, ambos do Acre.
Os dois, que renunciaram ao mandato, disseram, em gravações obtidas pela Folha, que receberam entre R$ 100 mil e R$ 200 mil para votar a favor da reeleição.
Ronivon afirmou ainda, nas fitas, que Chicão, Osmir e Zila também venderam o voto.
"Foi uma decisão política. Os dois fizeram afirmações, no mínimo, levianas", disse José Jorge à comissão.
A ex-deputada Rose de Freitas (PSDB-ES) disse na CCJ que marcou uma audiência da deputada Zila Bezerra com o presidente Fernando Henrique Cardoso no dia da votação da emenda da reeleição na Câmara.
"Ela me disse que votaria contra porque estava contrariada com o governo, que não apoiava suas teses políticas", afirmou Rose à comissão, testemunhando em defesa da deputada.

Outro lado
O porta-voz da Presidência da República, embaixador Sergio Amaral, afirmou ontem à noite que não há nenhuma relação entre a votação da emenda da reeleição e a liberação, por parte do governo federal, de recursos para obras no Acre.
"Isso já foi esclarecido por diversas vezes. As verbas para o Acre estavam previstas desde o programa de governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e seriam liberadas de qualquer forma, embora tenham sido liberadas com substancial atraso", afirmou o porta-voz presidencial.
Para ele, essa liberação não pode ser caracterizada como favorecimento ou troca de favores. "Estão sendo liberados recursos inclusive para governos de oposição", afirmou Amaral.



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