São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2000


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INVESTIGAÇÃO
Ministério Público e Fazenda analisam documentos apreendidos
Suspeito de suborno em SP é ligado a quatro empresas

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Mauro Alves Pereira, suspeito de tentar subornar o ex-secretário da Saúde José Aristodemo Pinotti com R$ 5 milhões, está ligado a pelo menos outras quatro empresas que fornecem produtos para hospitais públicos de São Paulo e o PAS (Plano de Atendimento à Saúde).
Segundo o Ministério Público, que investiga a denúncia de suborno, essas empresas estão em nome de parentes ou de funcionários do empresário.
Segundo a ex-chefe de gabinete do secretário José Aristodemo Pinotti, Maria Lúcia Tojal, Mauro ofereceu o dinheiro porque teria interesse na manutenção de um esquema de venda superfaturada.
O empresário, de 34 anos, é sócio do irmão Amauri Alves Pereira, 36, na Matmed Materiais Laboratoriais e Cirúrgicos. A empresa está sendo investigada pela polícia por suspeita de estelionato e pelo Ministério Público por suposto fornecimento de materiais superfaturados para o módulo 4 do PAS, que atende a região da Mooca (zona sudeste).
O Ministério Público e a Secretaria Estadual da Fazenda acreditam que a influência da Matmed estendia-se para outros módulos municipais. Por meio de dados da Junta Comercial de São Paulo, o Ministério Público descobriu que Mauro está ligado indiretamente a outras empresas do setor de saúde, que fornecem produtos para órgãos públicos.

"Laranjas"
As quatro empresas, que já estão sendo rastreadas pela Promotoria, estão em nome de parentes ou de funcionários de Mauro. As empresas investigadas são:
1) Ônix, especializada no ramo de medicamentos e pertencente ao pai dos empresários, Guerino Alves Pereira;
2) Falcão Comercial de Produtos Ltda, que pertencia aos irmãos Mauro e Amauri Alves Pereira e a Silvio de Abreu. O registro da empresa foi cancelado;
3) Vitrine Médica Artigos Hospitalares, que pertenceu à mulher de Amauri, Márcia Aparecida Sotto Alves Pereira, e hoje está em nome de dois funcionários. Anteontem, foram apreendidas quatro caixas de documentos na atual sede da empresa, uma sala de três metros por quatro metros na zona norte;
4) Hessimed, que pertence a Silvio de Abreu, sócio da Falcão.
Todos as pessoas investigadas foram procuradas ontem pela Folha, por telefone, mas não foram localizadas.

Documentos
As evidências de que essas pessoas seriam usadas como "laranjas" estão em documentos da Matmed apreendidos pelo Ministério Público na semana passada.
Foram localizados diversos contratos registrados em cartórios dessas empresas com órgãos municipais, originais de termos de aditamento, dois celulares e dezenas de cartões de visita de funcionários públicos.
Os documentos haviam sido jogados em um caminhão de lixo por funcionários da Matmed, mas foram recuperados pela polícia.
Além de estarem ligadas por laços familiares, as empresas já funcionaram no mesmo espaço físico, em diferentes momentos. Segundo o Ministério Público, a sede da Ônix, na rua Mateus Grou, foi ocupada pela Matmed que, depois, cedeu-a para a Vitrine.
As empresas também trocaram de clientes. A Ônix, por exemplo, que se viu envolvida, em 1998, em um escândalo de superfaturamento de preços de equipamento hospitalar em Osasco (Grande São Paulo), repassou seu contrato na cidade para a Vitrine.
Assim como a Matmed, a Vitrine fornece material hospitalar para o PAS 4. A Hessimed, por sua vez, mantém contratos com hospitais públicos.


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