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INVESTIGAÇÃO
Ministério Público e Fazenda analisam documentos apreendidos
Suspeito de suborno em SP é ligado a quatro empresas
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário Mauro Alves Pereira, suspeito de tentar subornar
o ex-secretário da Saúde José
Aristodemo Pinotti com R$ 5 milhões, está ligado a pelo menos
outras quatro empresas que fornecem produtos para hospitais
públicos de São Paulo e o PAS
(Plano de Atendimento à Saúde).
Segundo o Ministério Público,
que investiga a denúncia de suborno, essas empresas estão em
nome de parentes ou de funcionários do empresário.
Segundo a ex-chefe de gabinete
do secretário José Aristodemo Pinotti, Maria Lúcia Tojal, Mauro
ofereceu o dinheiro porque teria
interesse na manutenção de um
esquema de venda superfaturada.
O empresário, de 34 anos, é sócio do irmão Amauri Alves Pereira, 36, na Matmed Materiais Laboratoriais e Cirúrgicos. A empresa está sendo investigada pela
polícia por suspeita de estelionato
e pelo Ministério Público por suposto fornecimento de materiais
superfaturados para o módulo 4
do PAS, que atende a região da
Mooca (zona sudeste).
O Ministério Público e a Secretaria Estadual da Fazenda acreditam que a influência da Matmed
estendia-se para outros módulos
municipais. Por meio de dados da
Junta Comercial de São Paulo, o
Ministério Público descobriu que
Mauro está ligado indiretamente
a outras empresas do setor de saúde, que fornecem produtos para
órgãos públicos.
"Laranjas"
As quatro empresas, que já estão sendo rastreadas pela Promotoria, estão em nome de parentes
ou de funcionários de Mauro. As
empresas investigadas são:
1) Ônix, especializada no ramo
de medicamentos e pertencente
ao pai dos empresários, Guerino
Alves Pereira;
2) Falcão Comercial de Produtos Ltda, que pertencia aos irmãos
Mauro e Amauri Alves Pereira e a
Silvio de Abreu. O registro da empresa foi cancelado;
3) Vitrine Médica Artigos Hospitalares, que pertenceu à mulher
de Amauri, Márcia Aparecida
Sotto Alves Pereira, e hoje está em
nome de dois funcionários. Anteontem, foram apreendidas quatro caixas de documentos na atual
sede da empresa, uma sala de três
metros por quatro metros na zona norte;
4) Hessimed, que pertence a Silvio de Abreu, sócio da Falcão.
Todos as pessoas investigadas
foram procuradas ontem pela Folha, por telefone, mas não foram
localizadas.
Documentos
As evidências de que essas pessoas seriam usadas como "laranjas" estão em documentos da
Matmed apreendidos pelo Ministério Público na semana passada.
Foram localizados diversos
contratos registrados em cartórios dessas empresas com órgãos
municipais, originais de termos
de aditamento, dois celulares e
dezenas de cartões de visita de
funcionários públicos.
Os documentos haviam sido jogados em um caminhão de lixo
por funcionários da Matmed, mas
foram recuperados pela polícia.
Além de estarem ligadas por laços familiares, as empresas já funcionaram no mesmo espaço físico, em diferentes momentos. Segundo o Ministério Público, a sede da Ônix, na rua Mateus Grou,
foi ocupada pela Matmed que, depois, cedeu-a para a Vitrine.
As empresas também trocaram
de clientes. A Ônix, por exemplo,
que se viu envolvida, em 1998, em
um escândalo de superfaturamento de preços de equipamento
hospitalar em Osasco (Grande
São Paulo), repassou seu contrato
na cidade para a Vitrine.
Assim como a Matmed, a Vitrine fornece material hospitalar para o PAS 4. A Hessimed, por sua
vez, mantém contratos com hospitais públicos.
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