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PT SOB SUSPEITA
Comissão tem os 5 membros da base do prefeito de Santo de André
CPI ouve mais 4 pessoas
ligadas à área de transporte
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
Em clima de divergências e sob
troca de acusações entre seus
membros, a CPI da Câmara Municipal de Santo André que investiga um suposto esquema de propina de empresários para financiar campanhas do PT colherá hoje os depoimentos de mais quatro
pessoas ligadas a empresas de
transporte da cidade.
Com a nomeação ontem de Osvaldo Moura (PMDB), a comissão
parlamentar passou a ter todos os
seus cinco vereadores da base de
sustentação do prefeito João Avamileno (PT) -o que não evitou
que viessem à tona atritos entre
três de seus integrantes.
O clima de desagrado entre eles
vem desde a instalação da CPI, na
semana passada, quando o vereador José Montoro Filho (PT)
abandonou a presidência da comissão devido a uma série de
pressões, tanto internas como externas. Alguns vereadores reclamaram publicamente do fato de
Montoro Filho ter fechado as portas da CPI durante a primeira sessão de depoimentos.
Ontem, as divergências entre os
integrantes da CPI tornaram-se
públicas, com declarações diretas
entre eles a respeito dos depoimentos de quatro empresários
feitos anteontem à comissão.
Pela manhã, durante entrevista
à Agência Folha, o presidente da
CPI, vereador Antônio Leite (PT),
que está há três dias na função, lamentou o fato de o vereador Carlos Ferreira (PSB) ter parabenizado pelos serviços de transporte na
cidade o empresário Ozias Vaz,
dono da Expresso Padroeira do
Brasil, nos minutos finais de seu
depoimento ocorrido anteontem.
"Foi uma pisada na bola. Ali [no
plenário da Câmara" nós temos
de trabalhar com seriedade. Se ele
[Ferreira", particularmente, tem
alguma amizade com o cara
[Vaz", que espere acabar os depoimentos e depois fale sozinho
com ele, e não publicamente",
disse o presidente da CPI.
Leite ainda fez questão de condenar a atitude do relator da comissão, o vereador Donizeti Pereira (PV), que enalteceu o pentacampeonato conquistado pela seleção brasileira de futebol, no momento em que o empresário Sebastião Passarelli, da Viação Guarará, confundiu o nome de uma
pessoa do setor de transporte coletivo, chamando-a de Galvão
Bueno [nome do locutor da Rede
Globo que narrou os sete jogos do
Brasil na Copa".
"O outro [Donizeti Pereira" fez
um comentário sobre o penta que
não tinha nada a ver. Eu ia até dar
uma advertência a ele, mas nós já
temos elementos suficientes dentro da CPI para causar polêmica",
afirmou o presidente da CPI.
As respostas dos vereadores citados por Leite foram duras, mas
sem tom de arrependimento.
O vereador Carlos Ferreira retrucou as declarações de Leite,
afirmando que, se houvesse uma
outra oportunidade, "voltaria a
parabenizar o empresário por
seus serviços prestados".
"Eu faço o meu trabalho, e ele
chegou agora à CPI [assumiu anteontem, depois da saída de José
Franco Montoro". Entenda assim
o senhor presidente da CPI ou
não entenda, o problema é dele",
declarou Ferreira.
Já o relator da CPI encarou sua
referência à conquista do Brasil
na Copa do Mundo durante os
depoimentos apenas como "um
momento de descontração".
"Se ele [o presidente da CPI"
achou que deveria ter me advertido, poderia ter feito isso naquele
momento."
Sob esse clima, a CPI ouvirá hoje os depoimentos de: Humberto
Tarcísio de Castro, sócio da Projeção; Irineu Marcolino Martin
Bianco, suposto arrecadador de
propina; João Antônio Sette Braga, ex-sócio da Nova Santo André; e Gislene Valeriano da Silva,
funcionária da Expresso Guarará.
Por meio de sua assessoria, Gislene disse que confirmará hoje a
existência de um esquema de extorsão aos empresários de transporte de Santo André, assim como fizera ao Ministério Público.
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