São Paulo, quarta-feira, 03 de julho de 2002

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PT SOB SUSPEITA

Comissão tem os 5 membros da base do prefeito de Santo de André

CPI ouve mais 4 pessoas ligadas à área de transporte

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

Em clima de divergências e sob troca de acusações entre seus membros, a CPI da Câmara Municipal de Santo André que investiga um suposto esquema de propina de empresários para financiar campanhas do PT colherá hoje os depoimentos de mais quatro pessoas ligadas a empresas de transporte da cidade.
Com a nomeação ontem de Osvaldo Moura (PMDB), a comissão parlamentar passou a ter todos os seus cinco vereadores da base de sustentação do prefeito João Avamileno (PT) -o que não evitou que viessem à tona atritos entre três de seus integrantes.
O clima de desagrado entre eles vem desde a instalação da CPI, na semana passada, quando o vereador José Montoro Filho (PT) abandonou a presidência da comissão devido a uma série de pressões, tanto internas como externas. Alguns vereadores reclamaram publicamente do fato de Montoro Filho ter fechado as portas da CPI durante a primeira sessão de depoimentos.
Ontem, as divergências entre os integrantes da CPI tornaram-se públicas, com declarações diretas entre eles a respeito dos depoimentos de quatro empresários feitos anteontem à comissão.
Pela manhã, durante entrevista à Agência Folha, o presidente da CPI, vereador Antônio Leite (PT), que está há três dias na função, lamentou o fato de o vereador Carlos Ferreira (PSB) ter parabenizado pelos serviços de transporte na cidade o empresário Ozias Vaz, dono da Expresso Padroeira do Brasil, nos minutos finais de seu depoimento ocorrido anteontem.
"Foi uma pisada na bola. Ali [no plenário da Câmara" nós temos de trabalhar com seriedade. Se ele [Ferreira", particularmente, tem alguma amizade com o cara [Vaz", que espere acabar os depoimentos e depois fale sozinho com ele, e não publicamente", disse o presidente da CPI.
Leite ainda fez questão de condenar a atitude do relator da comissão, o vereador Donizeti Pereira (PV), que enalteceu o pentacampeonato conquistado pela seleção brasileira de futebol, no momento em que o empresário Sebastião Passarelli, da Viação Guarará, confundiu o nome de uma pessoa do setor de transporte coletivo, chamando-a de Galvão Bueno [nome do locutor da Rede Globo que narrou os sete jogos do Brasil na Copa".
"O outro [Donizeti Pereira" fez um comentário sobre o penta que não tinha nada a ver. Eu ia até dar uma advertência a ele, mas nós já temos elementos suficientes dentro da CPI para causar polêmica", afirmou o presidente da CPI.
As respostas dos vereadores citados por Leite foram duras, mas sem tom de arrependimento.
O vereador Carlos Ferreira retrucou as declarações de Leite, afirmando que, se houvesse uma outra oportunidade, "voltaria a parabenizar o empresário por seus serviços prestados".
"Eu faço o meu trabalho, e ele chegou agora à CPI [assumiu anteontem, depois da saída de José Franco Montoro". Entenda assim o senhor presidente da CPI ou não entenda, o problema é dele", declarou Ferreira.
Já o relator da CPI encarou sua referência à conquista do Brasil na Copa do Mundo durante os depoimentos apenas como "um momento de descontração".
"Se ele [o presidente da CPI" achou que deveria ter me advertido, poderia ter feito isso naquele momento."
Sob esse clima, a CPI ouvirá hoje os depoimentos de: Humberto Tarcísio de Castro, sócio da Projeção; Irineu Marcolino Martin Bianco, suposto arrecadador de propina; João Antônio Sette Braga, ex-sócio da Nova Santo André; e Gislene Valeriano da Silva, funcionária da Expresso Guarará.
Por meio de sua assessoria, Gislene disse que confirmará hoje a existência de um esquema de extorsão aos empresários de transporte de Santo André, assim como fizera ao Ministério Público.



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