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DIPLOMACIA
Visita do presidente mexicano é vista como forma de convencer os EUA a concordar em liberar ajuda do FMI à Argentina
Mercosul usa Fox para pressionar EUA
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A visita do presidente do México, Vicente Fox, ao Brasil e à Argentina representa um último esforço do Mercosul para pressionar os Estados Unidos a concordarem em liberar dinheiro do
FMI (Fundo Monetário Internacional) para a Argentina, que negocia um empréstimo com a instituição desde o fim de 2001.
Fox chegaria ontem à noite a
Brasília e deve embarcar hoje para
Buenos Aires, para participar da
reunião de cúpula do Mercosul,
que ocorre até sexta-feira.
Depois do fracasso das gestões
do presidente Fernando Henrique Cardoso junto ao presidente
americano, George W. Bush, e da
equipe econômica brasileira junto ao FMI, Fox transformou-se na
possibilidade de ponte entre os
EUA e a Argentina.
Hoje o presidente mexicano
cumpre a agenda de visitas oficiais. Terá encontros com políticos, empresários e autoridades do
Legislativo e do Judiciário. Também irá conversar com os candidatos à Presidência. No fim da
tarde, parte para Buenos Aires.
O presidente da Argentina,
Eduardo Duhalde, quer fazer de
Fox o grande mediador nas negociações com os EUA. Ele chegou a
propor que Fox, FHC e os presidentes do Uruguai, Jorge Battle,
do Chile, Ricardo Lagos, e da Venezuela, Hugo Chávez, formassem uma frente latino-americana
para convencer a comunidade internacional a ajudar a Argentina,
evitando que a grave crise do país
se alastre por toda a região.
De acordo com o subsecretário
de Assuntos Econômicos do Itamaraty, Clodoaldo Hugueney, dificilmente haverá essa frente. Mas
diplomatas brasileiros afirmam
que só o fato de Fox estar presente
à reunião da Argentina, onde será
assinado um acordo comercial
entre Brasil e México, vai contribuir para transmitir a mensagem
de que a América do Norte também pode ser afetada.
Fox chegou a admitir que o México poderia sofrer com a instabilidade na região. Em entrevista à
Folha no último domingo, porém, o mexicano disse que a economia de seu país gravita na órbita do dólar e estaria imune às turbulências no subcontinente.
Como o México, junto com
EUA e Canadá, faz parte do Nafta
(Área de Livre Comércio da América do Norte), Duhalde espera
que Fox convença os EUA de que
é melhor liberar o empréstimo
antes que o efeito Argentina se
alastre. Nesse caso, o México também poderia ser afetado, não só
pelo efeito nervoso dos mercados,
mas pelos laços seus comerciais.
Com mais de 80% de suas exportações direcionadas ao mercado norte-americano, o México
pretende diversificar os parceiros
comerciais. Neste ano, o país concluiu acordo com a União Européia. O acordo que o México assina com o Brasil em Buenos Aires
já foi firmado com os demais parceiros do bloco do Cone Sul.
Até 2006, as quatro parcerias
deverão convergir para um único
acordo de livre comércio entre
México e Mercosul. A aproximação política do México com a
América do Sul foi promessa de
campanha de Fox, que se elegeu
em julho de 2000.
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