São Paulo, quarta-feira, 03 de julho de 2002

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TRICÔ TUCANO

A candidata a vice e a mulher de José Serra falaram para platéia de cem mulheres em SP

Rita e Monica fazem campanha nos Jardins

Graça Seligman/Divulgação
A candidata a vice-presidente pela chapa PSDB-PMDB, Rita Camata, se prepara para um treinamento de mídia, no Embu


MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA

Era para ser a estréia de Rita Camata, candidata a vice-presidente de José Serra, na alta sociedade feminina de São Paulo. O coquetel oferecido pela publicitária Silvana Tinelli para Rita anteontem, no entanto, acabou servindo de palco também para a psicóloga chilena Monica Serra, mulher do candidato.
Silvana, mulher de Nelson Biondi, publicitário do tucano, organizou o evento em sua casa, nos Jardins. Donata Meirelles, gerente da Daslu e mulher de Nizan Guanaes, o outro marqueteiro da chapa, foi co-anfitriã.
Rita se apresentou numa saia ocre da Beneducci, blusa preta e cabelo impecável. Monica, num terno bege, revelou sua porção butique: "Compro tudo no Chile, que é mais barato". Os óculos vermelhos, sua marca fashion, foram adquiridos "na farmácia".
"Mas, se te ajudar, eu posso começar a dizer: "Ai, eu só compro roupa na Daslu'", brincou ela com Eliana Tranchesi, dona do complexo de moda.
Depois de bebericar champanhe com pêssego e de provar flores de chocolate e marzipã, as convidadas se acomodaram no sofá para ouvir Rita. Monica ficou ao lado. Ao fundo, um quadro de Roy Lichtenstein.
Na platéia, Viviane Senna, do Instituto Ayrton Senna, Daisy Setubal, casada com o Olavo Setubal, do banco Itaú, atrizes como Irene Ravache e Beatriz Segall, empresárias como Ethel Carmona, do setor de móveis, e socialites como Cris Saddi.
Rita falou de sua vida, de seus projetos e pediu dinheiro para a campanha, "porque nós precisamos disso também".
Ruth Escobar, atriz, interrompeu: "O setor da cultura tem sido logrado, inclusive por Fernando Henrique Cardoso, meu amigo. Ele nomeou o pior ministro da Cultura [Francisco Weffort", pior até que na ditadura."
Em 1994, num almoço semelhante para Ruth Cardoso, a atriz havia dito que as mulheres tinham "duas opções: votar em Jean-Paul Sartre [filósofo francês" ou escolher um encanador", referindo-se a FHC e a Luiz Inácio Lula da Silva, também candidato em 94.
Rita tentou elogiar o governo, e Ruth disparou: "Meu amorzinho, estou falando de números".
Monica saiu em socorro de Rita. "Ruth, você conhece o Zé [Serra". Ele não pensa de forma segmentada, ele tem visão do total. Quando briga pelos genéricos, ele extrapola até o Brasil, foi condecorado na Índia, na Itália. Não é só pobre que compra genérico. Nós também podemos."
Liana de Moraes, mulher de José Ermírio de Moraes Neto e diretora do Hospital do Câncer, apoiou. "Recebemos máquinas de primeira linha. O Ministério da Saúde sempre ajudou."
Daisy Setubal pediu empenho: "Temos que estimular todas a colaborarem com a vitória. Ou, então, vamos chamar o Felipão."
A empresária Eliane Gamal, da Safira Sedas, quis saber: "Como vamos explicar para nossas empregadas, nossos operários, essas mudanças estruturais?". "É fácil", disse Rita. "Vamos falar: queremos que seus filhos tenham 2º grau. Qualquer dona-de-casa entende."
Segurança e emprego foram temas centrais. Monica explicou que "o Zé vai incentivar exportações, e isso traz dinheiro para o Brasil investir". Beatriz Segall defendeu algum controle sobre o que "minha empregada, meu motorista" vêem na TV. "Nenhuma sociedade pode viver totalmente sem censura."
Serra chegou às 21h e tomou conta do debate. "Eu me sinto preparado para ser presidente, embora seja folclore essa história de que penso nisso desde o ginásio". Liane de Moraes emendou: "Desde o ginásio, não. Mas desde a faculdade...".
Serra defendeu a criação de uma guarda de fronteiras e até o recadastramento do RG da população para combater a violência. Disse ter a maioria parlamentar ("vocês se lembram do Collor") e pediu empenho das eleitoras, preocupadas com o tempo escasso para melhorar o índice de Serra nas pesquisas.
"Eleição é um pouco como ventania. Cada uma tem que dar sua soprada", disse o candidato.
Já no fim do evento, Serra foi elogiado por Cris Saddi por sua "humildade". O próprio candidato achou demais. "Eu estou mais para "megalô" [megalomaníaco]", brincou.



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