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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Conjunto habitacional é entregue pela prefeita com instalação elétrica incompleta; legislação eleitoral impede esses eventos a partir de hoje
Marta apressa inauguração de obras em SP
CHICO DE GOIS
FERNANDA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Impedida por lei de comparecer
a inaugurações a partir de hoje
por causa das eleições, a prefeita
de São Paulo, Marta Suplicy (PT),
participou ontem de uma maratona de entregas de obras. No total, a prefeita esteve em quatro locais. Um deles, inacabado.
A lei eleitoral determina que
prefeito, governador ou presidente que esteja no cargo e seja candidato à reeleição não pode participar de inaugurações nos três meses que antecedem a eleição, cujo
primeiro turno será em 3 de outubro. Ainda segundo a legislação, a
partir da próxima terça-feira os
candidatos podem começar a fazer suas campanhas.
Marta entregou um posto de
atendimento da Secretaria Municipal das Finanças, dois conjuntos
habitacionais e, à noite, a reforma
do ginásio do Pacaembu.
No residencial Olarias, no Pari,
centro, os moradores só poderão
se mudar no final do mês porque
o prédio ainda não foi concluído,
embora a placa com o nome da
prefeita já esteja afixada.
"Parabéns e aproveitem, daqui
a dez dias vocês estão entrando
nestes bonitos apartamentos",
discursou. No conjunto, ainda falta, por exemplo, concluir a instalação elétrica e o acabamento interno de alguns apartamentos.
Marta negou que estivesse entregando obras inacabadas por
causa das eleições.
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No outro conjunto habitacional,
o do Gato, no Bom Retiro, também no centro, a prefeita entregou somente a primeira parte
-135 apartamentos.
Outros 216 apartamentos e a
creche para 200 crianças deverão
estar concluídos em setembro, e
um parque, até o fim do ano.
Sem citar nominalmente o ex-prefeito Paulo Maluf (PP), também candidato, ela afirmou que
os apartamentos entregues ontem
custaram menos do que o Cingapura, criação de Maluf.
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Habitação
afirma que cada apartamento do
Cingapura custa, em média, R$ 50
mil. Os da atual gestão, R$ 35 mil.
Nos discursos, ela voltou a falar
dos CEUs (Centros Educacionais
Unificados), da distribuição de
uniformes escolares e frisou, em
mais de uma ocasião, que a atual
administração "faz bem-feito".
"Faz bem-feito" é um dos motes
da campanha de reeleição da petista. O outro é "Marta, uma mulher de coragem".
Os slogans, criados pelo marqueteiro Duda Mendonça, o mesmo que atuou na campanha presidencial de Lula, têm como objetivo convencer o eleitorado de
que a prefeita é uma tocadora de
obras, mas diferenciando-a, por
exemplo, de Paulo Maluf, que já
usou o bordão "Maluf faz". O mote "uma mulher de coragem" pretende contrapor-se às acusações
dos adversários que querem identificá-la como autoritária.
Em ritmo de campanha e procurando demonstrar simpatia,
Marta distribuiu beijos às crianças, recebeu flores e cartas e visitou alguns dos novos apartamentos, entre eles o de Maria do Carmo Silva, 44, ex-moradora de rua
e da favela do Gato. "Eu já conheço a prefeita; quando a favela pegou fogo, ela foi à minha casa",
disse Maria do Carmo, que não
escondia a alegria.
A favela, localizada na confluência dos rios Tietê e Tamanduateí,
será derrubada. Para marcar o
início da demolição dos barracos,
Marta operou uma retroescavadeira. Quando as madeiras começaram a cair, os moradores gritaram "sai pobreza".
"Fiz questão de trazer o Jorge
Mattoso [presidente da Caixa
Econômica Federal] para que pudesse ver o que acredito que será
uma referência nacional em termos de reabilitação de uma favela; é como fazer e como fazer
bem-feito", disse Marta.
O outro conjunto residencial
entregue por Marta é o Olarias.
Serão 137 unidades. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal da Habitação, os
moradores devem se mudar no
fim do mês para o empreendimento. "Tudo o que temos feito
na prefeitura é de qualidade e
bem-feito", afirmou a prefeita.
Os dois conjuntos habitacionais
são destinados a famílias com
renda de até três salários mínimos. Os moradores não compram o imóvel, mas alugam. Pagam entre 15% e 20% do salário
na locação.
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