São Paulo, sábado, 03 de julho de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Conjunto habitacional é entregue pela prefeita com instalação elétrica incompleta; legislação eleitoral impede esses eventos a partir de hoje

Marta apressa inauguração de obras em SP

CHICO DE GOIS
FERNANDA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Impedida por lei de comparecer a inaugurações a partir de hoje por causa das eleições, a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), participou ontem de uma maratona de entregas de obras. No total, a prefeita esteve em quatro locais. Um deles, inacabado.
A lei eleitoral determina que prefeito, governador ou presidente que esteja no cargo e seja candidato à reeleição não pode participar de inaugurações nos três meses que antecedem a eleição, cujo primeiro turno será em 3 de outubro. Ainda segundo a legislação, a partir da próxima terça-feira os candidatos podem começar a fazer suas campanhas.
Marta entregou um posto de atendimento da Secretaria Municipal das Finanças, dois conjuntos habitacionais e, à noite, a reforma do ginásio do Pacaembu.
No residencial Olarias, no Pari, centro, os moradores só poderão se mudar no final do mês porque o prédio ainda não foi concluído, embora a placa com o nome da prefeita já esteja afixada.
"Parabéns e aproveitem, daqui a dez dias vocês estão entrando nestes bonitos apartamentos", discursou. No conjunto, ainda falta, por exemplo, concluir a instalação elétrica e o acabamento interno de alguns apartamentos.
Marta negou que estivesse entregando obras inacabadas por causa das eleições.

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No outro conjunto habitacional, o do Gato, no Bom Retiro, também no centro, a prefeita entregou somente a primeira parte -135 apartamentos.
Outros 216 apartamentos e a creche para 200 crianças deverão estar concluídos em setembro, e um parque, até o fim do ano.
Sem citar nominalmente o ex-prefeito Paulo Maluf (PP), também candidato, ela afirmou que os apartamentos entregues ontem custaram menos do que o Cingapura, criação de Maluf.
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Habitação afirma que cada apartamento do Cingapura custa, em média, R$ 50 mil. Os da atual gestão, R$ 35 mil.
Nos discursos, ela voltou a falar dos CEUs (Centros Educacionais Unificados), da distribuição de uniformes escolares e frisou, em mais de uma ocasião, que a atual administração "faz bem-feito".
"Faz bem-feito" é um dos motes da campanha de reeleição da petista. O outro é "Marta, uma mulher de coragem".
Os slogans, criados pelo marqueteiro Duda Mendonça, o mesmo que atuou na campanha presidencial de Lula, têm como objetivo convencer o eleitorado de que a prefeita é uma tocadora de obras, mas diferenciando-a, por exemplo, de Paulo Maluf, que já usou o bordão "Maluf faz". O mote "uma mulher de coragem" pretende contrapor-se às acusações dos adversários que querem identificá-la como autoritária.
Em ritmo de campanha e procurando demonstrar simpatia, Marta distribuiu beijos às crianças, recebeu flores e cartas e visitou alguns dos novos apartamentos, entre eles o de Maria do Carmo Silva, 44, ex-moradora de rua e da favela do Gato. "Eu já conheço a prefeita; quando a favela pegou fogo, ela foi à minha casa", disse Maria do Carmo, que não escondia a alegria.
A favela, localizada na confluência dos rios Tietê e Tamanduateí, será derrubada. Para marcar o início da demolição dos barracos, Marta operou uma retroescavadeira. Quando as madeiras começaram a cair, os moradores gritaram "sai pobreza".
"Fiz questão de trazer o Jorge Mattoso [presidente da Caixa Econômica Federal] para que pudesse ver o que acredito que será uma referência nacional em termos de reabilitação de uma favela; é como fazer e como fazer bem-feito", disse Marta.
O outro conjunto residencial entregue por Marta é o Olarias. Serão 137 unidades. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal da Habitação, os moradores devem se mudar no fim do mês para o empreendimento. "Tudo o que temos feito na prefeitura é de qualidade e bem-feito", afirmou a prefeita.
Os dois conjuntos habitacionais são destinados a famílias com renda de até três salários mínimos. Os moradores não compram o imóvel, mas alugam. Pagam entre 15% e 20% do salário na locação.


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