São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2006 |
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Toda Mídia Nelson de Sá Quem é o culpado?
Fim de jogo e o narrador Galvão Bueno, ao vivo, saiu
à caça das bruxas ou, melhor, "de quem é a culpa".
A GLOBO ESCALA 1 Pedro Bial, que descrevia Juninho como "lá de São Januário" no "JN", e Galvão Bueno tanto fizeram que o treinador escalou o jogador -como deu a Folha, sábado. Começa o jogo e, diz o locutor, "Juninho bate melhor do que ninguém" (e acerta a barreira), "Juninho abre bem" (e erra o passe). Até os "comentaristas" criticaram e por fim, quando o jogador saiu sob vaia, o narrador cedeu, "realmente o Juninho não rendeu o que todo mundo esperava". "TODO O BRASIL" O blog de Juca Kfouri abriu o primeiro post da derrota: - Parreira pôs o que queriam (este blogueiro, inclusive) mas o time não fez nada, talvez por jamais ter treinado. Foi também a argumentação de Tostão. O Noblog foi mais direto, "o Brasil que todo o Brasil queria, com Juninho no meio, não jogou nada". Mas foi preciso o inglês Alex Bellos para explicar Parreira, no "Financial Times": - A mídia do Brasil dizia que seu comportamento era irritante. A CBF o criticava por não mostrar liderança. Quando escolheu o time, ele abandonou o quarteto por uma formação não-testada. A GLOBO ESCALA 2 Mais que Juninho, a Globo e seu locutor se esforçaram para manter Ronaldo no time, com Robinho no banco. Sábado, a jogada de Zidane foi narrada com constrangimento: - Toque por cima do Ronaldo, um chapéu com simplicidade em cima do Ronaldo. Para registro, na transmissão da SporTV, canal esportivo da Globo, o comentarista Telmo Zanini, um dos poucos que destoaram defendendo a saída de Ronaldo na primeira fase, não estava mais no ar. O PODER Também para registro histórico, no fim de semana estreou finalmente na Globo o comercial da Nike com o veloz Ronaldo, virtualmente "emagrecido" e, acredite, mandando a torcida calar a boca. Curiosamente, em entrevista ao espanhol "El País", sábado, Ronaldo disse com ironia e virou título, "O gol tem o poder de emagrecer". BIG BROTHER BRASIL A seleção perdeu, a Seleção do Faustão virou quase nada -e saíram à caça de culpados. Pelé, na TV alemã, avisou que três jogadores ficaram parados no gol, mas a edição global, mal terminou a partida, só mostrou Roberto Carlos. Narrador e "comentaristas" atacavam, lágrimas nos olhos, a "falta de personalidade" dos jogadores e daí para baixo. Na partida, como noticiou a Folha, "a Globo abocanhou 90% do total da audiência". Resultado, na manchete do Terra, ontem, "Torcida vaia Roberto Carlos". Na Folha Online, "Gestos obscenos". Sem destaque, nos sites, a notícia de que "Parreira pede que não cacem bruxas". Dele também, sobre a cobertura: - Verdadeiro Big Brother. FÉRIAS Enquanto o "Fantástico" tentava manter a audiência global apelando a Luiz Felipe Scolari e Portugal, Vinicius Mota, na Folha Online, saudava "o lado bom da derrota": - Férias da crônica esportiva. Põe o Juninho, alarga a chuteira do Ronaldo, dá liberdade para o Gaúcho, troca o quadrado pelo triângulo, falta alegria, falta "desempenhar" (abusaram desse verbo)... Saem os palpiteiros do futebol e entram os da política, que descobrirão, quiçá com a mesma perspicácia, quem ganha.
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