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Senadores se articulam para reverter decisão
Parlamentares da oposição e até da base querem recorrer à CCJ, ao plenário da Casa e ao STF contra manobra que favorece Renan
PSDB deve pedir hoje que Renan deixe presidência do Senado; há movimento para também tirar Quintanilha do comando do conselho
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Senadores da oposição e da
base de sustentação do governo
pretendem recorrer da decisão
do presidente do Conselho de
Ética, Leomar Quintanilha
(DEM-GO), para tentar impedir o arquivamento ou a protelação do processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
O primeiro passo é apresentar hoje recurso no próprio
Conselho de Ética para tentar
derrubar no voto a medida. Se
não forem bem-sucedidos, os
senadores afirmam que recorrerão à CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça), ao plenário do Senado e até ao STF
(Supremo Tribunal Federal)
para garantir a investigação.
Há também um movimento
para retirar Quintanilha da
presidência do conselho devido
a denúncias de corrupção. Ele é
acusado de suposto envolvimento em esquema de desvio
de verbas em obras no Tocantins, denunciado em 2002 pelo
Ministério Público Federal.
A decisão de Renan de atropelar os trabalhos do conselho
irritou senadores tanto da base
aliada quanto da oposição. Eles
afirmam que Renan está arrastando a Casa para a crise.
"É a marcha da insensatez, é
mais uma decisão absurda dessa comédia de equívocos. A crise só se aprofunda e o que está
em jogo é a instituição", disse o
líder do PSDB, Arthur Virgílio
(AM). O partido deve pedir hoje
o afastamento de Renan da presidência da Casa.
Demóstenes Torres (DEM-GO) criticou a "truculência" de
aliados do presidente do Senado. "Foi uma atitude irresponsável. O presidente do conselho
não teve nem coragem de aparecer para sustentar seus atos.
Renan vai acabar perdendo
aliados devido a essa truculência", afirmou ele, que apresentará recurso no conselho.
O líder do DEM, José Agripino (RN), também usou a palavra truculência para classificar
o envio do processo de volta à
Mesa Diretora do Senado. "Foi
uma decisão truculenta. É a
primeira vez que o presidente
do Conselho de Ética, uma pessoa que nunca reuniu o conselho, toma uma decisão monocrática que beneficia o investigado", disse Agripino.
A líder do PT, Ideli Salvatti
(SC), marcou uma reunião da
bancada para hoje de manhã
para avaliar a situação.
"Eu achei grave o que aconteceu. O senador Quintanilha deveria ter submetido a decisão
ao conselho", afirmou o petista
Eduardo Suplicy (SP). "Fui surpreendido com a decisão dele,
que não é condizente com as
palavras que ele expressou
quando foi eleito", completou
Suplicy, questionando a independência de Quintanilha.
A atitude do presidente do
Conselho de Ética, que agiu por
ordem de Renan, piorou sua situação. "Ele não tem condições
de presidir o conselho porque
está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal. O presidente do Conselho de Ética
deve estar à prova de qualquer
teste", afirmou Arthur Virgílio.
Essa também é a opinião de
Demóstenes. "Quem é alvo de
denúncia de corrupção não pode ficar no conselho. E ele mostrou que não tem estofo para
ser presidente."
(FK E SN)
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