São Paulo, terça-feira, 03 de julho de 2007

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Senadores se articulam para reverter decisão

Parlamentares da oposição e até da base querem recorrer à CCJ, ao plenário da Casa e ao STF contra manobra que favorece Renan

PSDB deve pedir hoje que Renan deixe presidência do Senado; há movimento para também tirar Quintanilha do comando do conselho

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Senadores da oposição e da base de sustentação do governo pretendem recorrer da decisão do presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (DEM-GO), para tentar impedir o arquivamento ou a protelação do processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
O primeiro passo é apresentar hoje recurso no próprio Conselho de Ética para tentar derrubar no voto a medida. Se não forem bem-sucedidos, os senadores afirmam que recorrerão à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), ao plenário do Senado e até ao STF (Supremo Tribunal Federal) para garantir a investigação.
Há também um movimento para retirar Quintanilha da presidência do conselho devido a denúncias de corrupção. Ele é acusado de suposto envolvimento em esquema de desvio de verbas em obras no Tocantins, denunciado em 2002 pelo Ministério Público Federal.
A decisão de Renan de atropelar os trabalhos do conselho irritou senadores tanto da base aliada quanto da oposição. Eles afirmam que Renan está arrastando a Casa para a crise.
"É a marcha da insensatez, é mais uma decisão absurda dessa comédia de equívocos. A crise só se aprofunda e o que está em jogo é a instituição", disse o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM). O partido deve pedir hoje o afastamento de Renan da presidência da Casa.
Demóstenes Torres (DEM-GO) criticou a "truculência" de aliados do presidente do Senado. "Foi uma atitude irresponsável. O presidente do conselho não teve nem coragem de aparecer para sustentar seus atos. Renan vai acabar perdendo aliados devido a essa truculência", afirmou ele, que apresentará recurso no conselho.
O líder do DEM, José Agripino (RN), também usou a palavra truculência para classificar o envio do processo de volta à Mesa Diretora do Senado. "Foi uma decisão truculenta. É a primeira vez que o presidente do Conselho de Ética, uma pessoa que nunca reuniu o conselho, toma uma decisão monocrática que beneficia o investigado", disse Agripino.
A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), marcou uma reunião da bancada para hoje de manhã para avaliar a situação.
"Eu achei grave o que aconteceu. O senador Quintanilha deveria ter submetido a decisão ao conselho", afirmou o petista Eduardo Suplicy (SP). "Fui surpreendido com a decisão dele, que não é condizente com as palavras que ele expressou quando foi eleito", completou Suplicy, questionando a independência de Quintanilha.
A atitude do presidente do Conselho de Ética, que agiu por ordem de Renan, piorou sua situação. "Ele não tem condições de presidir o conselho porque está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal. O presidente do Conselho de Ética deve estar à prova de qualquer teste", afirmou Arthur Virgílio.
Essa também é a opinião de Demóstenes. "Quem é alvo de denúncia de corrupção não pode ficar no conselho. E ele mostrou que não tem estofo para ser presidente." (FK E SN)


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