São Paulo, terça-feira, 03 de julho de 2007

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Desvios no TO podem superar R$ 20 mi

Cleomar Quintanilha, irmão do senador, é réu em uma das ações; suposto esquema teria sido usado em 80 obras no Estado

Presidente do conselho não responde se conhecia uma relação de emendas no valor de R$ 3 milhões apreendida na empresa Forma em 2001

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PALMAS (TO)

O suposto esquema de desvio de verbas federais que envolve o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) resultou em duas ações na Justiça Federal no Tocantins que, juntas, têm 126 volumes e mais de 30 mil páginas. Elas abrangem 12 obras, orçadas em R$ 20,2 milhões, que teriam sido alvo do esquema.
Cleomar Natal Quintanilha, irmão do senador, é réu em uma das ações, sob as acusações de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Em documento sigiloso de agosto de 2003, a Procuradoria afirma que o senador usava a empresa do irmão, a construtora Rochedo, para desviar dinheiro.
O documento também pede investigação do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre Quintanilha, que tem foro privilegiado. Por conta disso, o senador responde, desde 2005, a dois inquéritos no STF. O caso adquiriu projeção nacional depois que Quintanilha assumiu a presidência do Conselho de Ética do Senado. Ontem ele devolveu o processo contra Renan Calheiros à Mesa do Senado.
Segundo diz a Procuradoria nos processos, que começaram a tramitar na Justiça em 2002, o esquema atingiu 80 obras em 33 municípios do Tocantins beneficiados com emendas parlamentares -não apenas de Quintanilha- de 2000 e 2001.
Não estão nesse cálculo emendas anteriores, como a verba de R$ 200 mil obtida em 1998 por Quintanilha para a construção de 136 banheiros em Dueré (TO). Na construtora Talismã, controladora da Mendes & Fachini, que fez a obra, foi apreendido recibo indicando suposto pagamento de R$ 10 mil ao senador, ou seja, 5% sobre os R$ 200 mil da emenda.
Quintanilha daria entrevista ontem à imprensa para falar sobre as acusações, mas a cancelou na última hora. Emitiu apenas uma nota: "Quanto às denúncias com que pretendem atingir a minha imagem, refuto-as com veemência por improcedentes e esclareço que já são objeto de análise pelos órgãos competentes".
A reportagem perguntou à assessoria do senador ontem, sem obter resposta, se ele tinha conhecimento de uma relação de emendas, no valor de R$ 3 milhões, listadas em uma planilha apreendida em 2001 na empresa Forma Engenharia, de Palmas, na mesma investigação sobre desvio de verbas.
De acordo com a Procuradoria, Cleomar participava com a Forma Engenharia do esquema para desviar dinheiro de emendas patrocinadas pelo senador.

Outro lado
A reportagem foi ontem à sede da Forma Engenharia. Sem placa na fachada, a empresa funciona em uma sala no segundo andar de um sobrado. O diretor da empresa, Renato Júlio Agostini, está em viagem no interior do Estado. A reportagem foi orientada pela secretária a encaminhar um e-mail a Agostini. Ele não respondeu até a conclusão desta edição. A Folha ligou ontem para a casa de Cleomar, mas ninguém atendia ao telefone. A reportagem já havia deixado recado no local na sexta-feira e no domingo.


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