São Paulo, terça-feira, 03 de julho de 2007

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Sócio de empresa de Dirceu teve contrato na Petrobras

Companhia admitida sem licitação pela estatal subcontratou a DNP, do ex-dirigente do PT

Petrobras não revela valor do contrato; ex-ministro diz que "nunca conversou" sobre a consultoria com o seu sócio desde 1998

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O administrador de empresas Júlio César dos Santos, que no início do ano subcontratou, com verbas da Petrobras, uma empresa dirigida por Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT substituído durante o escândalo do mensalão, é sócio, desde 1998, do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu num escritório de consultoria técnica.
Reportagem da revista "Veja" revelou que a empresa ligada a Silvinho, a DNP, obteve R$ 55 mil da TGS Consultoria, que detinha o contrato com a Petrobras, por serviços prestados na organização da "Cinemostra de Verão", realizada em Vitória, em fevereiro último.
A assessoria da Petrobras informou ontem que a contratação da TGS foi feita sem licitação. "Os projetos culturais, por terem propriedade intelectual, não são licitados", afirmou.
Segundo "Veja", a empresa DNP é dirigida por Silvinho e está registrada em nome de sua mulher e de seu irmão. Foi subcontratada pela TGS, pertencente a Júlio César dos Santos, entre janeiro e abril deste ano. A Petrobras se recusou ontem a fornecer o valor do contrato.
O contrato social da empresa José Dirceu & Associados S/C Ltda., obtido pela Folha no 30º Cartório de Registro Civil de São Paulo, mostra que o ex-ministro abriu a microempresa José Dirceu & Associados, em 1998, junto com Santos. Dirceu detinha 90% das cotas do negócio, ou R$ 4.500, e Santos, 10%. Segundo o contrato, os objetivos da empresa são "a prestação de serviços de consultoria e consultoria técnica a empresas, organizações de classe, entidades governamentais, partidos políticos, organizações religiosas, clubes esportivos, sindicatos e organizações similares, a organização e a elaboração de cursos, palestras e seminários".
A empresa ficou inativa até o ano de 2005, quando Dirceu deixou o governo. Embora sejam sócios há 11 anos, Dirceu informou ontem, por meio da assessoria, que nunca conversou com Santos sobre os negócios da TGS. Dirceu tem estreitos laços com Silvinho. No período em que presidiu o PT (1995-2002), Silvinho ocupou altos cargos diretivos.
"Júlio César é sócio dele desde 1998 e as relações entre eles se limitam à José Dirceu & Associados. Nunca conversaram sobre assuntos relacionados à TGS ou à Central de Eventos", disse nota da assessoria.
Ontem, a reportagem telefonou para o número fornecido pelo escritório de Dirceu como sendo o do contato com Santos. A recepcionista atendeu a ligação como sendo da "DNP Eventos". Indagada se o telefone era também o de contato de Silvio Pereira e de sua mulher, respondeu que sim.


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