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SP
Estado contesta transferência de ações
Governo pode perder
R$ 378 mi com Vasp
da Reportagem Local
A Vasp (Viação Aérea São Paulo
S/A) fez uma operação de incorporação acionária de duas companhias, a Hotel Nacional S/A e a
Brata (Brasília Táxi Aéreo S/A), e
diminuiu em oito vezes a participação do Estado de São Paulo na
empresa.
O governo paulista viu sua participação acionária na Vasp ser reduzida de cerca de 40% para 4,6%,
está contestando na Justiça a operação e já conseguiu liminar na 13ª
Vara de Fazenda Pública suspendendo os efeitos da incorporação.
A operação foi uma transferência
de ações, resolvida em duas assembléias, ambas convocadas por
Wagner Canhedo (presidente-executivo da Vasp). O empresário incorporou à companhia as ações da
Hotel Nacional e da Brata, que
também pertencem a sua família.
Caso a Vasp faça valer na Justiça
a decisão tomada nas assembléias,
o Estado perderá o poder decisório
no comando da companhia pois,
para fazer parte do Conselho de
Administração e do Conselho Fiscal, é necessário deter no mínimo
5% das ações.
De acordo com cálculos de técnicos da Secretaria da Fazenda, o
prejuízo para os cofres do Estado
poderá ser de cerca de R$ 378 milhões em um cálculo otimista.
Para chegar a esse valor, os técnicos consideraram um balanço não
oficial, feito pela Vasp, que registrava como receita a receber pela
empresa um valor de R$ 1,060 bilhão, referente à indenização de
perdas sofridas com defasagens de
tarifas entre 1988 e 1992.
Se o Estado continuar detendo
40% das ações, terá direito a receber cerca de R$ 420 milhões. Mas,
se a operação de incorporação
acionária for efetivada, o governo
paulista receberá em torno de R$
42 milhões, o equivalente aos
4,6%. A diferença -R$ 378 milhões- seria o prejuízo.
"Essa decisão foi uma clara manobra para prejudicar o Estado como acionista", disse o procurador-geral do Estado de São Paulo, Márcio Sotelo Felippe.
Na operação, Canhedo usou a
avaliação feita pela Trevisan Auditores e Consultoria, que utilizou
dados fornecidos pelas próprias
empresas.
Pelos números da Trevisan, a
Brata vale R$ 14,182 milhões e o
Hotel Nacional, R$ 48,607 milhões.
O valor da Vasp foi fixado de acordo com o balanço patrimonial da
companhia, relativo ao final de
1998, e publicado em jornais: R$
8,191 milhões.
As duas empresas de menor porte valiam, portanto, mais do que a
Vasp. Segundo normas da Bolsa de
Valores de São Paulo, em operações de transferência dessa natureza é necessário que as duas partes
concordem com os valores estabelecidos. Como todas as companhias pertenciam a um só sócio, os
números foram acordados.
Com a transferência, Canhedo
pode ficar com 95,02% das ações, o
Estado com 4,61% e os sócios minoritários com 0,37%.
A Vasp divulgou ontem um comunicado defendendo a operação
e afirmou que vai contestar a ação
do governo estadual. Segundo a
companhia, "foram integral e rigorosamente obedecidas todas as
prescrições legais nas operações
divulgadas".
A Vasp informou que a fusão foi
feita por necessidade de capitalização da empresa e ausência de disposição do governo em participar
do aumento desse capital.
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