São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2001

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Conselho de Ética começa a investigar senador

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado deu início ontem à investigação contra Jader Barbalho (PMDB-PA), presidente da Casa licenciado, que pode ou não resultar em processo de cassação do mandato.
O presidente do conselho, Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), indicou uma comissão de três senadores -Romeu Tuma (PFL-SP), João Alberto (PMDB-MA) e Jefferson Péres (PDT-AM)- para apresentar em 30 dias parecer propondo processo por quebra de decoro contra Jader ou arquivamento das denúncias.
Os pefelistas Waldeck Ornélas (BA) e Geraldo Althoff (SC) protestaram contra a escolha de Tuma para compor a comissão, alegando que ele integra o conselho enquanto corregedor do Senado, e não como representante do PFL. ""O PFL quer indicar seu representante na comissão para não haver superposição entre o trabalho da corregedoria e o da comissão", disse Ornélas.
Mestrinho manteve a indicação. Tuma vai coordenador a comissão. Requisitou do conselho toda a documentação disponível e anunciou que os envolvidos serão ouvidos. A primeira reunião da comissão será na terça-feira.
Os pefelistas insinuaram que houve acordo entre o PMDB e a oposição para excluir o PFL das decisões. Isso porque o presidente do conselho indeferiu o pedido de Althoff para que fosse investigado suposto envolvimento do líder do bloco de oposição, José Eduardo Dutra (PT-SE), na violação do painel eletrônico do Senado.
""Não participei dos entendimentos partidários que envolveram a oposição", disse Ornélas, criticando o fato de Mestrinho ter optado pela formação de uma comissão em vez de escolher um relator. ""Não houve entendimentos. Isso é delírio persecutório do senador Waldeck Ornélas", rebateu Heloísa Helena (PT-AL). Ela argumentou que o regimento prevê a comissão.
O representante do PMDB na comissão, o bancário João Alberto, é amigo de Jader. "Se votei em Jader para a presidência do Senado é porque confio nele, mas isso não impede que, com fatos novos, eu possa rever minha posição."
O início da investigação interna do Senado contra Jader dificulta ainda mais a situação política do presidente licenciado. A maioria dos senadores acha que, no mínimo, ele não retorna ao cargo. Ele pediu licença por 60 dias, mas até lá ainda deverá estar sendo investigado. Se a comissão sugerir processo de cassação, o parecer será votado pelo conselho e submetido à Mesa Diretora do Senado. Se acolher o parecer, a Mesa encaminhará representação ao conselho.
Um relator terá de ser designado para o processo. Mestrinho acha que em 90 dias o trabalho do conselho será concluído e, se for sugerida a cassação, o processo irá para votação do plenário.
Mestrinho anunciou ontem que poderá se licenciar por 30 dias, para se submeter a uma cirurgia na próstata. Se isso ocorrer, em seu lugar assumirá Althoff, vice-presidente do conselho.



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