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Conselho de Ética começa a investigar senador
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Conselho de Ética e Decoro
Parlamentar do Senado deu início
ontem à investigação contra Jader
Barbalho (PMDB-PA), presidente
da Casa licenciado, que pode ou
não resultar em processo de cassação do mandato.
O presidente do conselho, Gilberto Mestrinho (PMDB-AM),
indicou uma comissão de três senadores -Romeu Tuma (PFL-SP), João Alberto (PMDB-MA) e
Jefferson Péres (PDT-AM)- para apresentar em 30 dias parecer
propondo processo por quebra
de decoro contra Jader ou arquivamento das denúncias.
Os pefelistas Waldeck Ornélas
(BA) e Geraldo Althoff (SC) protestaram contra a escolha de Tuma para compor a comissão, alegando que ele integra o conselho
enquanto corregedor do Senado,
e não como representante do PFL.
""O PFL quer indicar seu representante na comissão para não haver
superposição entre o trabalho da
corregedoria e o da comissão",
disse Ornélas.
Mestrinho manteve a indicação.
Tuma vai coordenador a comissão. Requisitou do conselho toda
a documentação disponível e
anunciou que os envolvidos serão
ouvidos. A primeira reunião da
comissão será na terça-feira.
Os pefelistas insinuaram que
houve acordo entre o PMDB e a
oposição para excluir o PFL das
decisões. Isso porque o presidente
do conselho indeferiu o pedido de
Althoff para que fosse investigado
suposto envolvimento do líder do
bloco de oposição, José Eduardo
Dutra (PT-SE), na violação do
painel eletrônico do Senado.
""Não participei dos entendimentos partidários que envolveram a oposição", disse Ornélas,
criticando o fato de Mestrinho ter
optado pela formação de uma comissão em vez de escolher um relator. ""Não houve entendimentos. Isso é delírio persecutório do
senador Waldeck Ornélas", rebateu Heloísa Helena (PT-AL). Ela
argumentou que o regimento
prevê a comissão.
O representante do PMDB na
comissão, o bancário João Alberto, é amigo de Jader. "Se votei em
Jader para a presidência do Senado é porque confio nele, mas isso
não impede que, com fatos novos,
eu possa rever minha posição."
O início da investigação interna
do Senado contra Jader dificulta
ainda mais a situação política do
presidente licenciado. A maioria
dos senadores acha que, no mínimo, ele não retorna ao cargo. Ele
pediu licença por 60 dias, mas até
lá ainda deverá estar sendo investigado. Se a comissão sugerir processo de cassação, o parecer será
votado pelo conselho e submetido à Mesa Diretora do Senado. Se
acolher o parecer, a Mesa encaminhará representação ao conselho.
Um relator terá de ser designado para o processo. Mestrinho
acha que em 90 dias o trabalho do
conselho será concluído e, se for
sugerida a cassação, o processo
irá para votação do plenário.
Mestrinho anunciou ontem que
poderá se licenciar por 30 dias,
para se submeter a uma cirurgia
na próstata. Se isso ocorrer, em
seu lugar assumirá Althoff, vice-presidente do conselho.
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