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Oposição quer dados
sobre planos militares
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Partidos de oposição cobraram
explicações do governo sobre a
política de inteligência do Exército. O PT vai apresentar um requerimento de informações ao ministro Pedro Parente (Casa Civil), e a
Comissão de Direitos Humanos
deverá convocar o ministro Geraldo Quintão (Defesa) para esclarecimentos sobre a máquina
de espionagem mantida em sigilo
pelo Exército.
Documentos aos quais a Folha
teve acesso, que tiveram trechos
publicados ontem, revelam que a
política de inteligência militar
classifica os movimentos sociais
como "forças adversas" e admite
"arranhar direitos dos cidadãos"
para manter a ordem pública.
Para disfarçar as operações de
inteligência, o Exército utiliza documentos falsos e cria firmas fantasmas. Unidades de inteligência
do Exército funcionam em casas
descaracterizadas.
"Isso revela que o governo não
se distanciou da política de patrulhamento dos adversários. E utiliza métodos piores que o da ditadura. Naquela época, pelo menos,
sabíamos quais os instrumentos
de repressão. Agora, eles são clandestinos", afirmou o líder do PT
na Câmara, Walter Pinheiro (BA).
Segundo o presidente da Comissão de Direitos Humanos,
Nelson Pellegrino (PT-BA), além
da convocação do ministro Quintão, também serão requisitadas
cópias dos documentos do Exército que foram apreendidos pelo
Ministério Público Federal em
Marabá, sul do Pará.
"Esses documentos revelam
profundo desrespeito à ordem
democrática, aos princípios constitucionais e a tratados internacionais sobre direitos humanos
assinados pelo Brasil", afirmou
Pellegrino.
Acusações
Os documentos apreendidos foram tema de discursos no plenário. Advogado do MST (Movimentos dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra), o deputado Luiz
Eduardo Greenhalgh (PT-SP) disse que o massacre de sem-terra
em Eldorado do Carajás (PA), em
que 19 sem-terra morreram em
abril de 1996, teria ocorrido conforme orientações do esquema de
inteligência do Exército.
O MST é citado em cartilhas da
máquina de espionagem do Exército apreendidas pelo Ministério
Público. "Com que cara leio documento do Exército que diz que os
inimigos internos têm de ser eliminados e, entre eles, o MST?",
questionou Greenhalgh.
"Não podemos aceitar que o aspecto democrático [das Forças
Armadas] fique subjacente", afirmou a deputada federal Jandira
Feghali (PC do B-RJ).
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