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SUCESSÃO NO ESCURO
João Herrmann vai discutir aliança com Itamar e Lula
PPS oferece renúncia de Ciro para unir oposições
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
O deputado João Herrmann
Neto (SP), vice-presidente nacional do PPS, já conversou com o
governador Itamar Franco e, na
segunda-feira, propõe a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que todos os
presumíveis candidatos da oposição abdiquem das candidaturas
em favor da discussão de idéias
para, a partir delas e não de nomes, constituir o que Herrmann
chama de "liga das oposições".
O projeto de Herrmann, que
tem as bênçãos de Ciro Gomes, o
presidenciável do PPS, parte do
pressuposto de que a desunião
das oposições representa oferecer
de presente ao governo a chance
de colocar seu candidato no segundo turno. A idéia desdobra-se
nas seguintes etapas:
1 - Todos abrem mão de suas
candidaturas.
2 - A partir daí, discutem idéias
que serão a plataforma da oposição para a disputa de 2002.
3 - Forma-se a "liga de oposições" que escolhe então os candidatos a presidente e a vice.
Herrmann admite que a escolha
do nome dependerá do "peso"
que cada um dos postulantes exibir nas pesquisas de opinião pública. O que significa, pelo menos
à primeira vista, que o candidato,
se houver a união oposicionista,
será mesmo Luiz Inácio Lula da
Silva, que tradicionalmente mantém a liderança nas pesquisas entre os nomes de oposição.
"O que eu não posso é aceitar
um nome antes da negociação,
porque significaria aceitar também as suas idéias. E o PPS não está de acordo com algumas idéias
do PT", diz Herrmann.
O projeto Herrmann prevê também saídas para a hipótese, de
resto a mais provável, de que não
haja união oposicionista. Nesse
caso, a "liga" ficaria transferida
para o segundo turno.
Se nem isso for possível, os oposicionistas comprometer-se-iam
com um "pacto de governabilidade" para apoiar o eleito, no pressuposto de que seja da oposição.
O vice-presidente do PPS nega
que a sua iniciativa se deva à queda de Ciro Gomes nas pesquisas
mais recentes, nas quais teria sido
ultrapassado pelo governador do
Rio, Anthony Garotinho (PSB),
além de Itamar Franco.
Na última pesquisa feita pelo
Datafolha, entre 25 e 28 de junho,
Ciro tinha 14% das intenções de
voto (cenário C), contra 17% na
pesquisa realizada em 21 de março deste ano. No mesmo período,
Lula subiu sete pontos, de 24%
para 31%, enquanto Garotinho
passou de 7% para 10%.
Herrmann já conversou com
Itamar Franco ontem, no hospital
em que o governador se recuperava de uma operação.
"A presidência do PMDB é o
vestibular que vou prestar", disse
Itamar, aludindo à sua intenção
de disputar o comando do partido, como alavanca para sua candidatura presidencial. A disposição de Itamar de, passando no
"vestibular", ir para a faculdade (a
disputa presidencial) é outra indicação da dificuldade para concretizar a "liga das oposições".
Falta acrescentar à lista de problemas o fato de que o PPS não ter
interlocução no Rio com o governador Garotinho. Herrmann diz
que o "engenheiro" do pretendido acordo de oposições é o ex-governador Leonel Brizola (PDT).
O presidente interino do PT, José Genoino, vê com ceticismo a
idéia de Herrmann. "Espanta-me
essa proposta. Não está em nossos
planos renunciar à candidatura
própria. Não vamos entrar nessa", disse.
Colaborou a Reportagem Local
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