|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Serra derrota Malan na
alíquota dos remédios
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O ministro da Fazenda, Pedro
Malan, acabou derrotado pelo
ministro José Serra (Saúde) com a
decisão do presidente Fernando
Henrique Cardoso de baixar para
zero as alíquotas de importação
dos medicamentos para evitar a
alta no preço dos remédios.
A decisão de FHC foi tomada
após ter ouvido os argumentos
dos dois ministros. Malan não via
necessidade de zerar as alíquotas.
Serra fincou pé na posição contrária. FHC decidiu a favor de Serra.
A divergência entre os ministros se deu em torno do controle
de preços de medicamentos. O
decreto baixando as alíquotas de
importação abre as portas para
Serra estender o controle de preços por mais um ano. Ontem, no
Planalto, um assessor de FHC comentava que a divergência é mais
um capítulo da disputa dentro do
governo pela sucessão de 2002.
Serra tem sofrido uma forte
pressão do setor para aumento de
preços dos remédios, em razão da
alta do dólar. Cerca de 30% a 40%
das matérias-primas que produzem os medicamentos são importadas. A pressão incide inclusive
sobre os genéricos.
O decreto baixando a zero as alíquotas de importação neutraliza
o efeito do dólar e contém a pressão do setor pelo aumento.
Antes de o tema ter chegado a
FHC, foi motivo de discussão na
segunda-feira, em reunião fechada na Camex (Câmara de Comércio Exterior). Participaram Malan, Celso Lafer (Relações Exteriores), Márcio Fortes (representando Pratini de Moraes, da Agricultura), Silvano Gianni (Casa Civil)
e Alcides Tápias (então no Desenvolvimento). Serra participou para apresentar sua proposta.
Na reunião da Camex, Malan foi
o único voto contrário a medida
de baixar a zero a alíquota de importação de remédios. Todos os
demais foram favoráveis.
A Abifarma (Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica)
também foi ouvida e não se opôs à
medida de baixar as alíquotas.
Apesar de a maioria ter sido a
favor, as decisões da Camex precisam ser consensuais para serem
aprovadas. Na ausência de consenso, o assunto vai a FHC.
Texto Anterior: Sucessão no escuro: PPS oferece renúncia de Ciro para unir oposições Próximo Texto: Partido de Blair quer atrair PT para Terceira Via Índice
|