São Paulo, sábado, 03 de agosto de 2002

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PT SOB SUSPEITA

Para vereadores da base de sustentação do prefeito, depoimento contradiz versão de sócio da empresa

Ex-gerente da São José diz que não sabia de pressões

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

O depoimento ontem à CPI de Santo André de um ex-gerente-administrativo da Viação São José serviu apenas, segundo vereadores, para colocar em xeque a versão apresentada à própria comissão do deputado federal Duílio Pisaneschi (PTB), que foi sócio dessa empresa de transporte até 1998.
De acordo com os vereadores, todos da base de sustentação do prefeito João Avamileno (PT), o deputado Pisaneschi disse em depoimento que o ex-gerente da São José, o seu cunhado Homero Ferreira dos Santos, teria sido pressionado pelo empresário Ronan Maria Pinto a sair da empresa.
Ontem, Homero declarou que apenas ficou sabendo das supostas pressões quando foi despedido da empresa, em julho de 2000.
"O senhor Luiz Alberto Gabrilli Filho [um dos sócios da São José" disse que me mandou embora pois estava sendo forçado a isso. Mas eu nunca recebi recado nenhum", afirmou Homero, que diz desconhecer os motivos que o levaram a ser despedido.
Homero afirmou aos vereadores que nunca trabalhou com Ronan nem ouviu falar de esquemas de propina na cidade. O vereador Antônio Leite (PT), presidente da CPI, disse que o depoimento de Homero colocou em xeque as versões apresentadas por Duílio Pisaneschi.
"No depoimento, Pisaneschi tentou provar que havia perseguição, e ele exagerou um pouco nas tintas", disse Leite.

Interesses
Para Pisaneschi, os vereadores da CPI possuem interesses para "mudar as bolas" dos depoimentos. "Eu nunca disse que o Homero foi ameaçado diretamente. Falei à CPI que o senhor Gabrilli [testemunha de acusação do Ministério Público" estava sendo ameaçado para despedir o Homero", afirmou o deputado.
Segundo o relator da comissão, Donizeti Pereira (PV), existe uma série de "mentiras" entre os depoimentos colhidos. Para ele, possíveis acareações só serão definidas em uma reunião da comissão na próxima quarta-feira.
Na última segunda-feira, a Justiça acolheu denúncia contra o vereador petista Klinger Luiz de Souza, secretário afastado de Serviços Municipais, e outras cinco pessoas acusadas de extorquir empresários do setor de transporte público, entre elas Ronan Maria Pinto. Eles foram acusados de formação de quadrilha. À CPI todos negaram as acusações.



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