São Paulo, sábado, 03 de agosto de 2002

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"Métodos são inaceitáveis", diz advogado

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o advogado criminalista José Roberto Leal, 56, que defende Paulo Maluf, "promotor não pode arquivar inquérito, quem tem que arquivar é o juiz". "Só vai para o tribunal o que o Ministério Público do Estado quer", diz.
"Eu confirmo tudo aquilo que escrevi nos autos. É um absurdo a forma como querem arquivar as representações. Isso não está previsto em lei. Os arquivamentos não foram feitos na gestão do dr. Marrey", diz o advogado.
"No último arquivamento, não houve publicação no "Diário da Justiça". Eu deveria ter recebido a intimação", diz o advogado.
Leal afirma que a primeira representação contra Blat, em 2000, foi arquivada "de uma maneira absurda, usou-se de métodos realmente inaceitáveis". Na segunda, "tiraram xerox e instauraram um procedimento deles, sem que a gente fosse intimada".
Leal diz que os promotores já conheciam o depoimento de Sílvio Rocha, prestado um ano antes ao Ministério Público: "Praticaram o crime de abuso de autoridade. Expuseram Maluf ao ridículo, macularam sua honra com aquele embuste montado com a finalidade de desmoralizá-lo".
"Cheguei à conclusão que, em São Paulo, para processar um promotor, ele tem que matar a mulher", diz o advogado.
No caso das supostas contas de Maluf no exterior, Leal afirma ter estranhado que "todas as declarações dos jornalistas tinham a mesma redação".
"Houve quebra de sigilo fiscal, quebraram o sigilo telefônico e forneceram elementos cobertos pelo sigilo para a imprensa", diz.
O advogado Ricardo Tosto, 39, da área cível, também diz que é "um privilégio" os promotores serem julgados pelo procurador-geral". "Com todo o respeito pelo Ministério Público, acho injusto. Alguns promotores usam a mídia para fazer investigação. A investigação deveria ocorrer sem excessos de agressividade. Porque os danos são irreparáveis. É muito fácil acusar. Depois, não se comprovando a acusação, como você será ressarcido desse prejuízo?".
"Alguns promotores, no afã de apurar ilegalidades, se precipitam, julgam, quando sua função não é julgar, é investigar. Eles não são juízes."(FV)


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