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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/A LISTA DE VALÉRIO
Repasses a sócia de publicitário somam R$ 15,5 mi, todos em 2003; segundo funcionária da SMPB, saques eram realizados por dois policiais civis de MG
Agência de Duda sacou em ano não-eleitoral
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O total de recursos do suposto
esquema de caixa dois transferido
pelo empresário Marcos Valério
para a publicitária Zilmar Fernandes da Silveira -sócia de Duda
Mendonça-, representa cerca de
50% a mais do valor declarado ao
TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
como pagamentos aos marqueteiros por serviços prestados na
campanha eleitoral de 2002.
O objetivo dessas transferências
do caixa dois, que totalizaram
R$ 15,5 milhões, não foi esclarecido pela gerente administrativa da
SMPB, Simone Reis Vasconcelos,
em seu depoimento de anteontem à Polícia Federal.
As datas dos repasses são todas
de um ano não-eleitoral, 2003.
Mais da metade dos pagamentos
se deu entre fevereiro e abril daquele ano (R$ 10 milhões), um
ano e três meses antes da disputa
eleitoral de 2004.
Duda Mendonça, que hoje divide com outras duas agências o
contrato de publicidade da Presidência, atuou na campanha de
Lula por meio da empresa CEP
(Comunicação e Estratégia Política), da qual Zilmar é sócia.
De acordo com a prestação de
contas enviada ao TSE, a CEP
atuou em cinco campanhas eleitorais em 2002. Os valores declarados ao TSE foram os seguintes:
Lula a presidente, com R$ 8,9 milhões; José Genoino (PT), ao governo de São Paulo, R$ 150 mil;
Benedita da Silva (PT), ao governo do Rio, R$ 1,2 milhão; Aloizio
Mercadante (PT), ao Senado por
São Paulo, R$ 50 mil; e Adhemar
de Barros Filho (PP), a deputado
federal por São Paulo, R$ 65 mil.
Os valores agora revelados por
Valério colocam em xeque uma
nota pública divulgada por Zilmar no último dia 21, quando a
CPI dos Correios divulgou o primeiro repasse à publicitária, no
valor de R$ 250 mil. Em nota, Zilmar disse que sua empresa recebera apenas R$ 500 mil, por suposto trabalho realizado para o
Diretório Nacional do PT.
De acordo com o depoimento
prestado anteontem à Polícia Federal, em Brasília, pela gerente
administrativa de Valério, Simone Vasconcelos, os saques destinados à sócia de Duda eram realizados por dois policiais civis de
Minas Gerais, David Rodrigues
Alves e Luiz Costa Lara.
No depoimento que prestou à
Polícia Federal de Minas Gerais,
David Alves disse que entregava o
dinheiro a Cristiano Paz, sócio de
Marcos Valério. O policial Lara
afirmou que o dinheiro que sacou
ficou sob responsabilidade de um
taxista que morreu meses depois.
Entre os supostos responsáveis
por receber os repasses, além de
Zilmar, do próprio Duda e dos
policiais, aparece na planilha de
Valério o nome de Antônio Kalil
Cury, que é diretor financeiro da
Duda Mendonça Associados.
Além das campanhas eleitorais
de 2002, o marqueteiro Duda
Mendonça também organizou a
festa da posse do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, na Esplanada
dos Ministérios, em Brasília. O PT
divulgou, à época, que a festa custou cerca de R$ 1,5 milhão.
Em depoimento prestado à Procuradoria Geral da República, o
ex-tesoureiro nacional do PT e ex-tesoureiro da campanha eleitoral
de Lula, Delúbio Soares, afirmou
que dois empréstimos avalizados
pelo publicitário Marcos Valério,
no valor de R$ 5,4 milhões, foram
tomados pelo partido para custear gastos com a transição de governo e com a festa da posse. Assim, esses gastos não estariam incluídos no suposto caixa dois.
PTB
A planilha entregue à Polícia Federal pela funcionária de Marcos
Valério, Simone Reis Vasconcelos, atribui R$ 3,8 milhões a pessoas ligadas ao PTB. Em entrevistas à Folha, o ex-presidente nacional do PTB Roberto Jefferson (RJ)
havia dito que a sigla recebera
R$ 4 milhões do PT, como parte
de um acordo para apoio mútuo
nas eleições de 2004.
De acordo com a planilha, receberam recursos o tesoureiro informal do PTB, Emerson Palmieri
(R$ 2,46 milhões), ex-diretor da
Embratur, Jair dos Santos (R$ 1
milhão), ex-motorista do ex-presidente nacional da sigla, José
Carlos Martinez, morto num acidente aéreo, e o deputado federal
de Minas Gerais Romeu Queiroz
(R$ 350 mil).
(RUBENS VALENTE E MARTA SALOMON)
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