São Paulo, quinta-feira, 03 de agosto de 2006

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Painel

Renata Lo Prete @ - painel@uol.com.br

Sujeito oculto

A CPI dos Sanguessugas acredita ter identificado o primeiro caso de proteção a um parlamentar por Darci e Luiz Antonio Vedoin. A comissão investiga indícios de que Paulo Magalhães (PFL-BA), citado apenas de passagem nos depoimentos, participou ativamente da negociação para instalar uma fábrica de carrocerias de ambulâncias da Planam no município baiano de Dias Dávila. Segundo dados em poder da CPI, ele teria atuado para obter empréstimo do Banco do Nordeste para a construção da fábrica, além de se empenhar pela concessão de benefícios fiscais à empresa.
Não é somente com os Vedoin que o sobrinho de ACM parece estar blindado: o PFL fechou um cordão de proteção ao deputado que contaria, inclusive, com a adesão do sub-relator José Carlos Aleluia.

Lupa. A oposição buscará detalhar a participação de Humberto Costa nas negociações da Planam com a Saúde durante o depoimento de Luiz Antonio Vedoin hoje à CPI. O empresário será instado a relatar suas tratativas com José Airton Cirillo e Antônio Alves de Souza, chefe de gabinete do ex-ministro.

Elo. Os parlamentares da CPI tentarão arrancar de Vedoin informações sobre possíveis ligações entre a máfia das ambulâncias e a dos vampiros, que atuou no Ministério da Saúde no mesmo período dos sanguessugas.

Inversão. De Roberto Jefferson (PTB), sobre seu correligionário e presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados: "Surrealismo: se Ricardo Izar é o xerife da ética, quem será o bandido?".

Batom. A CPI procura evidências contra os acusados classificados internamente como "grupo 2". São os 55 parlamentares que teriam recebido recursos via assessores. A ordem é comparar os depoimentos desses auxiliares aos dos chefes da máfia.

Dobrada. Adversários do senador Delcídio Amaral (PT), candidato ao governo de Mato Grosso do Sul, espalharam panfletos pelo Estado em que associam o ex-presidente da CPI dos Correios ao deputado João Grandão (PT), acusado de envolvimento na máfia das ambulâncias.

Útil. O PSB não deve negar legenda a Salvador Zimbaldi (SP), recém-incluído na lista dos sanguessugas. Ex-tucano, o deputado é puxador de votos da sigla e tem o apoio da Canção Nova, emissora católica cujo principal colaborador é Gabriel Chalita, ex-secretário de Geraldo Alckmin.

Nostalgia. O tesoureiro de Lula, José de Filippi Jr., queixava-se de escassez de recursos com um auxiliar do presidente. "Você está fraquinho. No tempo do Delúbio não era assim", respondeu o assessor.

Forno. Padarias paulistanas lançaram campanha contra o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), devido a seu projeto que obriga misturar fécula de mandioca à farinha de trigo na receita do pão francês. "Ele quer acabar com o seu pãozinho", diz o cartaz.

Em casa. Pesquisa Sensus feita para "O Jornal" em Alagoas mostra a senadora Heloísa Helena (PSOL) em segundo lugar em seu Estado natal. Tem 25,2%, contra 46,2% de Lula e 9,7% de Alckmin. Para o governo, João Lyra (proprietário do jornal) lidera com 45%, contra 27,2% de Teotônio Vilela Filho (PSDB).

Visitas à Folha. Pawel Kulka Kulpiowski, embaixador da Polônia no Brasil, visitou ontem a Folha.

Jurandir Fernandes, secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Luiz Carlos Frayze David, presidente da Companhia do Metropolitano de São Paulo - Metrô, de Márcio Herr Martins, chefe do departamento de imprensa do Metrô, e de Beth Munhoz, assessora de imprensa.

Tiroteio

É a lógica dos mensaleiros e sanguessugas: entre uma barreira ética e outra eleitoral, sempre descartam a primeira.


Do cientista político RUBENS FIGUEIREDO, do Cepac (Centro de Pesquisa, Análise e Comunicação), sobre declaração do presidente do PTB, Flávio Martinez, segundo quem não é recomendável evitar a candidatura de deputados sanguessugas porque eles têm seus redutos.

Contraponto

Vamos deixar claro

No recém-lançado "Do Golpe ao Planalto - Uma Vida de Repórter", Ricardo Kotscho conta que, logo depois da vitória em 2002, sugeriu a Lula a indicação de Antonio Palocci para um ministério do futuro governo.
-Mas por que o Palocci? E para qual ministério?- interessou-se em saber o presidente eleito.
-Sei lá, para qualquer um. Acho ele engraçado, e vai ser duro agüentar Brasília sem ter alguém para pelo menos divertir um pouco a gente- respondeu o jornalista.
O então prefeito de Ribeirão Preto, que ouvia a conversa, reagiu de bate pronto:
-Kotscho, você está querendo me chamar de palhaço?


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