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JANIO DE FREITAS
Presidente-candidato
Deformidades institucionais e políticas trazidas e agravadas pelo direito de reeleiçãonão têm conta nem fim
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UMA SITUAÇÃO especial: a Câmara foi paralisada, nos três
dias em que os deputados fazem a gentileza de interromper suas
atividades eleitoreiras, por causa de
uma candidatura alheia a todos eles.
A de Lula.
O PT e seus aliados determinaram-se a impedir a votação do reajuste de 16,5% para aposentadorias
superiores ao salário mínimo. Os
oposicionistas determinaram-se a
não admitir os 5% de reajuste fixados pelo governo. Nos jornais e telejornais, a responsabilidade pelo impasse imobilizador da Câmara, no
que deveria ser o seu "esforço concentrado", é atribuída a um dos lados segundo a preferência pelos governistas ou pelos oposicionistas.
Tanto faz.
A inutilidade das sessões decorre
de que Lula não quer o ônus eleitoral
de vetar, como lhe caberia, o melhor
reajuste, a que o seu governo se
opõe. Não é o presidente no exercício de seus atribuições, é o candidato
estendendo à Câmara os males presidenciais de suas conveniências
eleitoreiras.
As deformidades institucionais e
políticas trazidas, umas, e agravadas,
outras, pelo direito de reeleição não
têm conta nem fim. A cada dia constata-se mais uma, como já se fizera
na reeleição de Fernando Henrique.
Bem, de uma inovação nascida sob o
signo do voto comprado, não se poderia esperar conquistas de decência. Mas é graças aos sanguessugas
que as atenções estão desviadas para
o Congresso, ou, sem eles, a mistura
desabrida de Presidência e candidatura de Lula já estaria gerando uma
crise complicada. Cuja possibilidade, aliás, não está eliminada.
Como sempre
O aviso do ministro Guido Mantega de que o governo reagirá a abusos nos aumentos de preços, incentivando importações, lembra uma
pergunta: você já notou que o dólar
caiu muito e os preços dos importados não caíram nada? Muitos até
aumentam seguidamente, a pretexto da inflação que o dólar minguado mais do que compensa.
Ou seja, a queda do dólar não foi
repassada ao consumidor: transformou-se em aumento do lucro dos
importadores e do comércio (caso
de constatação diária nos supermercados). E quando o dólar voltar
a um valor menos circunstancial,
servirá de motivo para aumento de
preço das importações em geral.
De volta
Na "carta ao povo de São Paulo"
com que se lança candidato, Antonio Palocci entra pelo ridículo, com
a explicação de que sua queda foi
provocada por "uma crise política
que chegou ao ministério". Não lhe
basta o ridículo do motivo real.
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