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Ex-procurador é acusado de passar informação a Vedoin
Segundo genro de líder de quadrilha, família foi avisada de investigação sigilosa
Funcionário da Planam, Ivo Rosa diz ter protocolado 200 projetos em Comunicações e Ciência e Tecnologia, mas só um teria sido executado
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O funcionário da Planam Ivo
Marcelo Spínola da Rosa, genro
do suposto chefe da quadrilha
dos sanguessugas, Darci Vedoin, disse à Justiça Federal
que um ex-procurador regional
da República em Mato Grosso
usou de "informações privilegiadas" para avisar à família Vedoin que as empresas controladas por eles eram alvo de uma
"grande investigação" sigilosa
por parte das autoridades.
Ainda segundo o depoimento
de Ivo Rosa -a cuja transcrição
parcial a Folha teve acesso-, o
ex-procurador Roberto Cavalcanti Batista induziu os Vedoin
a contratar, a um custo de R$
1,7 milhão, o escritório em que
atua, o Cavalcanti & Spadoni
Carvalho Advogados. Roberto
Cavalcanti esteve no Ministério Público de Mato Grosso de
1993 a fevereiro de 2005.
No depoimento, Ivo Rosa
conta que Darci e o ex-procurador se conheceram em setembro de 2003. Cerca de um mês
depois, no aniversário de Darci,
o ex-procurador foi a uma festa
na Planam. "Na festa, Roberto
Cavalcanti pergunta (...) de
quem era a empresa Santa Maria. O reinterrogando [Ivo Rosa] informou que a Santa Maria
era uma empresa da família
Vedoin. Roberto Cavalcanti,
nesse momento, informa acerca da necessidade de medidas
urgentes, haja vista a existência
de uma grande investigação
contra as empresas da família",
diz trecho do depoimento.
Em seguida, Ivo Rosa diz que
Roberto Cavalcanti fala da "necessidade de medidas urgentes,
em razão da gravidade do problema, inclusive da iminência
da prisão por conta da sonegação fiscal das empresas".
É nesse ponto que há o relato
sobre o suposto uso de informações que o ex-procurador,
devido ao cargo, teria acesso.
"O advogado, por ser procurador da República, também disse que não haveria, na cidade,
outro escritório em condições
de fazer frente ao grave problema, especialmente pelo fato de
possuir informações privilegiadas, as quais poderiam contribuir para a defesa da família."
Também no depoimento, Ivo
Rosa afirma que o ex-procurador sabia que as empresas de
Vedoin continuaram participando das fraudes que resultaram na operação da Polícia Federal, em maio deste ano.
Outros ministérios
O genro de Vedoin disse ainda no seu depoimento ter protocolado cerca de 200 projetos
de inclusão digital nos ministérios de Ciência e Tecnologia e
Comunicações, entre setembro
e dezembro do ano passado.
Ele disse que o único que foi
executado foi na cidade de Governador Valadares (MG), de
R$ 300 mil, no final de 2005, a
partir de um emenda do deputado João Magalhães (PMDB-MG). Ivo Rosa disse que o deputado receberia "uma comissão" por liberar recursos.
De acordo com o depoimento
de outro membro da quadrilha,
Luiz Antonio Vedoin, o deputado teria recebido propina no
valor de R$ 42 mil.
Colaborou LEONARDO SOUZA , da Sucursal de
Brasília
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