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'GRITO DOS EXCLUÍDOS'
Afirmação é reação a crítica feita pelo presidente
Bispo diz que FHC sofre da
'petulância do intelectual'
LUIS HENRIQUE AMARAL
da Reportagem Local
O coordenador da Pastoral Social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Demétrio Valentini, afirmou ontem que
o presidente Fernando Henrique
Cardoso sofre da "petulância do
intelectual".
Foi uma resposta à afirmação
que FHC fez em entrevista coletiva
anteontem. O presidente disse que
a solução dos problemas sociais
não sairá da "batina".
"Lembro que nós não usamos
mais batina", ironizou o bispo.
FHC se referia ao "3º Grito dos
Excluídos", protesto que acontecerá no dia 7 e é organizado pela
CNBB, pela CUT (Central Única
dos Trabalhadores), pelo MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) e pela Central
de Movimentos Populares.
A crítica de FHC também atingiu
o "boné" do MST. "Perdem tempo os que pensam tirar da cartola
ou da batina ou do boné a solução
social, porque a solução social não
é mágica, depende de um compromisso efetivo de vida, de consciência de trabalho", disse.
O presidente afirmou ainda que
o Dia da Independência não deve
ser uma "data de desunião".
Cartão Vermelho
Para d. Demétrio Valentini, as
críticas do presidente têm o objetivo de "desautorizar" os questionamentos da igreja. "Se, com essas críticas, Fernando Henrique
quer prescindir da igreja, ele está
caindo em um grande engano,
provavelmente causado pela petulância do intelectual", afirmou.
O bispo ressaltou que o "grito"
tem caráter de "união": "O que
queremos é unir e integrar todos
dentro da pátria".
Ainda sobre as críticas de FHC,
d. Demétrio afirmou que o "grito"
não será um protesto contra o presidente. "Trata-se uma iniciativa
da CNBB que recebeu a adesão das
outras entidades. O objetivo é
questionar toda a sociedade."
O dirigente nacional do MST
João Pedro Stedile disse ontem que
o presidente Fernando Henrique
fez uma "provocação deselegante" à Igreja Católica ao afirmar anteontem que a solução dos problemas sociais não sairá "da batina".
Quanto à afirmação de FHC segundo a qual a solução não sairia
"do boné", Stedile afirmou que
ela "também não vai sair da varinha mágica de um príncipe".
Segundo Stedile, o Dia da Pátria é
de "todos os brasileiros", e o objetivo do ato será "discutir os problemas da pátria".
Para ele, "um desses problemas" é a política do governo: "Por
isso daremos um cartão vermelho
para o presidente".
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