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CAMPANHA
Governo reage a Ciro e pede ao TSE direito de resposta para rebater acusação de que presidente frustrou promessas de emprego
"Ataque eleitoral não pega", afirma FHC
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A JOHANNESBURGO
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que não
está preocupado em receber a rebarba da troca de acusações entre
os candidatos José Serra (PSDB) e
Ciro Gomes (PPS) porque "essa
não pega": "O ataque, quando é
ataque eleitoral, não pega. Não
adianta. Tem efeito pouco positivo, não resolve", insistiu ele, que
está em Johannesburgo, África do
Sul, para a Cúpula sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio +10).
Ontem, no entanto, apesar da
declaração de FHC, o governo federal pediu ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) direito de resposta no programa de Ciro para falar
sobre desemprego. O pedido foi
formulado pela Advocacia Geral
da União em razão da abertura do
programa do último sábado. O
programa sugere que o governo
FHC não cumpriu promessas de
geração de emprego e que, por isso, o seu candidato à sucessão
também não as cumpriria. Se o
governo vencer, o ministro do
Trabalho, Paulo Jobim, ocupará
parte do programa de Ciro.
FHC e seu governo estavam
mais preservados do tiroteio de
campanha quando Serra andava
mal nas pesquisas, mas entraram
na alça de mira agora, com os dois
candidatos empatados.
Justamente por isso, FHC não
falou com jornalistas no domingo, quando chegou a Johannesburgo, e tentou escapulir de perguntas sobre política interna na
entrevista coletiva, ontem, no hotel Westcliff, onde está hospedado. Conforme a Folha apurou,
FHC teme que qualquer brincadeira fora de hora, qualquer palavra fora do lugar ou qualquer palavra dúbia possam refletir mal na
campanha num momento decisivo. Mas acabou não resistindo.
"O sr. não quer comemorar?",
perguntou-lhe um repórter ontem sobre a pesquisa Datafolha
divulgada domingo (Ciro com
20%, Serra com 19%). Caminhando pelo estande brasileiro em
Ubuntu, uma feira permanente
em Johannesburgo, FHC primeiro disse: "Estou no exterior e não
quero comentar sobre política".
Depois, acrescentou: "Os dados
são suficientes para expor o que
está acontecendo no Brasil neste
momento. É um processo, é um
retrato deste momento. O candidato sabe disso".
Próximo a seu filho, Paulo Henrique Cardoso, vice-presidente do
CEBDS (Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) e está na cidade,
FHC disse que ainda há muito caminho a percorrer: "O que acho
importante é que a campanha está se desenvolvendo, os temas estão sendo debatidos e a agenda
nacional é a que está posta".
Ele acrescentou: "Fico vendo
TV com satisfação. Os candidatos
estão fazendo propostas ao redor
das linhas que eu coloquei como
fundamentais para o Brasil".
Os últimos programas de Ciro
na TV, porém, comparavam as
promessas de geração de emprego feitas pelo então candidato
FHC, em 1994, e pelo atual candidato Serra, em 2002.
FHC dizia que, eleito, geraria 7
milhões de emprego, e Serra diz
que sua meta é de 8 milhões. Mas
FHC não cumpriu o prometido.
Mandela
O desemprego é realmente considerado pelos eleitores um dos
principais problemas do país, e isso afeta simultaneamente FHC e
seu candidato, que é Serra. Por isso, o presidente falou bastante sobre isso, ontem, duas vezes.
A primeira em Ubuntu, e a segunda depois de um encontro
com Nelson Mandela, principal líder mundial na luta contra o racismo, para o lançamento de um
congresso mundial de parques
em 2003.
"Os governos da Europa falharam? Têm desemprego muito
maior que o nosso", disse o presidente, tentando explicar os altos
índices: "Economia é um processo da sociedade. Há momentos
que tem expansão, há momentos
que tem retração".
Ele também reclamou que falam num índice de desemprego
"que não é verdadeiro" e, a uma
pergunta sobre mudanças que
Serra faria no governo, disse: "O
fato de ser eleito alguém que é do
mesmo partido do atual governante não implica que esse alguém não vá mudar muita coisa".
Acompanhado dos presidentes
da Câmara, Aécio Neves (PSDB),
e do Senado, Ramez Tebet
(PMDB), FHC aproveitou para
dar uma colher-de-chá para o seu
assessor especial para Meio Ambiente, Fábio Feldman (PSDB),
candidato a deputado por São
Paulo. Ao falar de Mandela, elogiou Feldmann, que estava ao seu
lado e foi o responsável pelo encontro com o líder sul-africano.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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