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Força-tarefa investiga 137 políticos
que enviaram dinheiro ao exterior
IURI DANTAS
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O caso Banestado chegou a um
novo foco de apuração: 137 políticos que enviaram recursos para o
exterior por meio de contas CC5
(destinadas a não-residentes) estão sob investigação da força-tarefa constituída para apurar prática de evasão de divisas e lavagem
de dinheiro, entre outros crimes.
Sem dar nomes, o procurador-geral da República, Claudio Fonteles, disse ontem que entre os investigados não há governadores,
senadores nem deputados federais até o momento. O foco da investigação foi definido por um
cruzamento das informações da
base de dados do Banestado com
os registros de candidatos nas
eleições de 1998, 2000 e 2002.
Segundo as procuradoras Valquíria Quixadá e Raquel Branquinho, do Ministério Público Federal em Brasília, há prefeitos, vereadores e deputados estaduais
no grupo. Entre 1996 e 2002, eles
remeteram US$ 24 bilhões para o
exterior em operações sob suspeita. Branquinho e Quixadá investigam o envolvimento de funcionários públicos nas operações de lavagem apuradas na contabilidade
do Banestado. A triagem até agora detectou operações de 411 servidores, hoje investigados pela
Controladoria Geral da União.
A força-tarefa composta por
Ministério Público, Polícia Federal, Receita e Banco Central em
2003 pretende agora cruzar as
operações do Banestado com o
cadastro de servidores do Judiciário, dos Estados e prefeituras.
O procurador-geral fez ontem
um balanço do trabalho da força-tarefa. A Receita já aplicou autuações de cerca de R$ 3 bilhões a beneficiários de recursos que não
pagaram impostos pelas remessas, conforme dados colhidos nas
apurações. Os processos judiciais
conseguiram o arresto de R$ 107,4
milhões em bens dos suspeitos.
Fonteles disse que os laranjas
foram deixados de lado e que o
Ministério Público priorizou o
"colarinho branco" ao propor
ações penais. A investida rendeu a
condenação de 16 pessoas, três
delas com sentenças definitivas,
entre 443 denunciados à Justiça.
O mais recente desdobramento
ocorreu no mês passado, quando
a PF prendeu 63 doleiros. Segundo a Folha apurou, alguns deles
aceitaram colaborar, fornecendo
nomes de clientes. Os doleiros
usavam uma conta-mãe no banco
Chase Manhattan. Batizada de
Beacon Hill, ela também é investigada nos EUA por suspeita de lavagem de dinheiro. Após passar
pela conta, o dinheiro "lavado"
era remetido a paraísos fiscais.
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