São Paulo, sexta-feira, 03 de setembro de 2004

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Força-tarefa investiga 137 políticos que enviaram dinheiro ao exterior

IURI DANTAS
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O caso Banestado chegou a um novo foco de apuração: 137 políticos que enviaram recursos para o exterior por meio de contas CC5 (destinadas a não-residentes) estão sob investigação da força-tarefa constituída para apurar prática de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, entre outros crimes.
Sem dar nomes, o procurador-geral da República, Claudio Fonteles, disse ontem que entre os investigados não há governadores, senadores nem deputados federais até o momento. O foco da investigação foi definido por um cruzamento das informações da base de dados do Banestado com os registros de candidatos nas eleições de 1998, 2000 e 2002.
Segundo as procuradoras Valquíria Quixadá e Raquel Branquinho, do Ministério Público Federal em Brasília, há prefeitos, vereadores e deputados estaduais no grupo. Entre 1996 e 2002, eles remeteram US$ 24 bilhões para o exterior em operações sob suspeita. Branquinho e Quixadá investigam o envolvimento de funcionários públicos nas operações de lavagem apuradas na contabilidade do Banestado. A triagem até agora detectou operações de 411 servidores, hoje investigados pela Controladoria Geral da União.
A força-tarefa composta por Ministério Público, Polícia Federal, Receita e Banco Central em 2003 pretende agora cruzar as operações do Banestado com o cadastro de servidores do Judiciário, dos Estados e prefeituras.
O procurador-geral fez ontem um balanço do trabalho da força-tarefa. A Receita já aplicou autuações de cerca de R$ 3 bilhões a beneficiários de recursos que não pagaram impostos pelas remessas, conforme dados colhidos nas apurações. Os processos judiciais conseguiram o arresto de R$ 107,4 milhões em bens dos suspeitos.
Fonteles disse que os laranjas foram deixados de lado e que o Ministério Público priorizou o "colarinho branco" ao propor ações penais. A investida rendeu a condenação de 16 pessoas, três delas com sentenças definitivas, entre 443 denunciados à Justiça.
O mais recente desdobramento ocorreu no mês passado, quando a PF prendeu 63 doleiros. Segundo a Folha apurou, alguns deles aceitaram colaborar, fornecendo nomes de clientes. Os doleiros usavam uma conta-mãe no banco Chase Manhattan. Batizada de Beacon Hill, ela também é investigada nos EUA por suspeita de lavagem de dinheiro. Após passar pela conta, o dinheiro "lavado" era remetido a paraísos fiscais.


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