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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PRESIDENTE NA MIRA
Relator da CPI dos Correios afirma que impeachment só não entrou em pauta devido à proximidade das eleições presidenciais
Calendário favorece Lula, diz Serraglio
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O relator da CPI dos Correios,
Osmar Serraglio (PMDB-PR),
disse ontem que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva só escapou de
enfrentar um processo de cassação do mandato até agora porque,
se fosse iniciado, sua conclusão
poderia coincidir com a campanha eleitoral do próximo ano.
"Se o Congresso fosse partir para o julgamento político do presidente, demoraria até quase o tempo das eleições. Então, por que
uma ruptura anormal [do poder],
quando é possível uma alteração
normal? Não atropelar o impeachment agora é uma opção
política", afirmou.
A declaração foi feita no aeroporto Afonso Pena, entre um vôo
vindo de Brasília e outro que seguia a Maringá (PR), na região de
Umuarama, onde mora o relator.
"Não quero dizer que ele [Lula]
perca [em 2006, caso se candidate
à reeleição], mas ninguém melhor
que a população para dar rumo
político [ao presidente]."
Antes de fazer essa análise, o relator ressalvou que não estava dizendo que o presidente Lula tenha envolvimento direto no escândalo que atinge o PT, partidos
aliados e o governo, mas que a falta de provas não o exime do risco
de ser cassado. "Ainda que ele tivesse envolvimento direto, não há
clima para o impeachment na
opinião pública. Se houver o clima, ele pode ser cassado."
Serraglio disse que um eventual
impedimento de Lula parte de um
"juízo [de valor] político e não se
firma na prova material". Para o
relator, só o descrédito do presidente já seria razão para o Congresso ""tomar uma conduta mais
drástica" para assegurar a estabilidade da instituição governo.
Severino
O relator ainda disse que a cassação do mandato de Lula interessa apenas à oposição, mas que
ela tem consciência de que, se
conseguisse destituir o presidente, não ascenderia ao poder, que
"continuaria na situação". Em caso de impedimento de Lula, o vice
José Alencar e o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), substitutos na ordem direta,
são aliados do PT no poder.
O relator voltou a ser duro nas
referências a Severino, que defendeu punições brandas aos 18 deputados que Serraglio relacionou
como passíveis de cassação por
evidências de se beneficiar ou
agenciar o valerioduto.
"Há ameaças no ar e quem tem
rabo preso tem que se cuidar. E a
gente não sabe quem tem rabo
preso. Aí aparece alguém dizendo
que o [deputado federal José] Janene, [do PR, líder do PP] vai
abrir a caixa-preta; que o Roberto
Jefferson vai abrir a caixa-preta.
Aí você não sabe se o Severino está ou não cativo a isso."
Serraglio também reagiu à queixa do ex-ministro José Dirceu de
que o relator faltou com decoro
parlamentar e que o prejulgou. "O
que eu fiz para ter faltado com o
decoro? Ele não diz."
Disse também que as novas revelações que Jefferson ameaça fazer no plenário da Câmara, quando da votação de sua cassação,
não alteram o relatório que assinou com o relator da CPI do Mensalão, Ibrahim Abi-Ackel (PP).
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