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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O RELATÓRIO DAS CPIS
Ciro Nogueira afirma que dará em "rito sumário" parecer pela abertura de procedimento de cassação de mandato dos citados pelas CPIs
Corregedor promete encaminhar 18 processos
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de as CPIs dos
Correios e do Mensalão acusarem
formalmente 18 deputados de
quebrar o decoro parlamentar, o
corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), afirmou que fará
um parecer pela abertura de processo de cassação contra todos,
sendo que quatro já tem processos de perda do mandato abertos
no Conselho de Ética da Casa.
"Não vou entrar no menor juízo
de valor, todos serão remetidos
para o Conselho de Ética, vai ser
um rito sumário", disse Nogueira,
que se reuniu ontem com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE).
Cabe ao corregedor dar o parecer sobre a abertura ou não de
processo contra os deputados. A
Mesa da Câmara, formada por sete deputados, incluindo Severino
e Nogueira, marcou reunião para
o próximo dia 13 para votar o parecer do corregedor. "Na minha
opinião, a Mesa vai votar por unanimidade pelo envio de todos esse
parlamentares para o Conselho
de Ética", disse Nogueira.
Caso renuncie ao mandato até a
abertura de processo no conselho,
o deputado fica livre para se candidatar nas próximas eleições.
Após a abertura de processo, a renúncia não suspende o andamento do processo, que, se resultar em
cassação, torna o parlamentar
inelegível por oito anos contados
a partir do fim da legislatura -no
caso atual, até 2015.
Severino havia defendido, em
entrevista à Folha, punição branda para deputados cujas acusações fossem de uso de caixa dois.
As CPIs aprovaram anteontem
um relatório parcial em que acusam os 18 deputados de cometer
"um amplo conjunto de crimes
políticos expressivos" no chamado escândalo do "mensalão". Entre eles, o ex-ministro José Dirceu
(SP) e o ex-presidente da Câmara
João Paulo Cunha (SP).
Jefferson
No mesmo dia em que a Mesa
da Câmara votará a abertura de
processo contra os deputados
acusados, o plenário deve votar o
primeiro parecer do Conselho de
Ética pela cassação -contra o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), autor das denúncias sobre o
"mensalão". A votação é secreta e
é necessário o apoio de pelo menos 257 dos 513 deputados para
que haja a perda do mandato.
Ciro Nogueira afirmou ainda
que não pretende incluir nenhum
nome novo na lista elaborada pelas CPIs, apesar de chefiar desde o
início do mês de junho uma comissão de sindicância criada para
apurar as denúncias feitas por Roberto Jefferson.
"Vamos respeitar a decisão das
CPIs. A comissão de sindicância
foi criada antes da CPI da Compra
de Votos [Mensalão]. Aquela CPI
tem muito mais instrumentos para investigar. Então, a comissão
de sindicância vai produzir um
relatório em que temos que respeitar totalmente a decisão da
CPI", afirmou Nogueira.
A comissão de sindicância tomou dezenas de depoimentos a
portas fechadas, mas freqüentemente seus cinco integrantes reclamavam de que não podiam
avançar por não ter os poderes de
uma CPI, como o de convocar depoentes e quebrar sigilos.
Nogueira informou que reúne a
comissão na terça-feira já para
apresentar um relatório final.
"Acho que não tem mais muito
sentido [continuar com a sindicância]", disse.
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