São Paulo, sábado, 03 de setembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Trade Link foi alvo da CPI do Banestado

DA AGÊNCIA FOLHA
EM LONDRINA E BELO HORIZONTE
DO ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE


A offshore Trade Link Bank se envolveu em escândalos políticos do governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992) até a atual administração, de Luiz Inácio Lula da Silva. Nesse período, esteve no centro das investigações da força-tarefa do Banestado e da CPI do Banestado. Ela agora volta à cena como a principal remetente de dinheiro para a conta do publicitário Duda Mendonça na offshore Dusseldorf.
Documentos oficiais do governo das Ilhas Cayman, obtidos pela Folha, mostram que a Trade Link Bank foi criada em meados da década de 80 pelo ex-presidente do Banco Rural Sabino Correa Brandão, já morto. Em 1985 ela já registrava operações nas Ilhas Cayman, com remessas de dinheiro para a Suíça. O Banco Rural nega ter relação com a Trade Link.
Em 1993, movimentações financeiras em contas na Suíça do empresário Paulo César Farias, o PC Farias -acusado de ser o operador do suposto caixa dois do presidente Fernando Collor de Mello-, mostravam que a Trade Link Bank havia remetido US$ 2,6 milhões, a partir da Ilhas Cayman, para três das seis contas de PC Farias na Suíça. Esse dinheiro havia saído do Brasil por meio de remessas de doleiros.
Entre 1996 e 1998, a Trade Link movimentou US$ 698,4 milhões no Banestado de Nova York (Estados Unidos), na conta de número 560-1, que mantinha na agência do extinto banco paranaense.
Investigações da força-tarefa nos contas da offshore Beacon Hill, no JP Morgan Chase, de Nova York, mostraram ainda que o próprio Banco Rural operava débitos na conta Lonton para créditos de suas offshores Rural International Bank, Ife Rural Bank e Trade Link Bank.

Nova offshore
Nas remessas enviadas para a conta do publicitário Duda Mendonça na offshore Dusseldorf -sediada no paraíso fiscal das Bahamas-, além da Trade Link Bank, maior remetente, aparecem ainda remessas do Banco Rural Europa, uma nova offshore ligada ao Banco Rural.
Em recibos de depósitos de US$ 1,6 milhão que Duda Mendonça entregou à CPI dos Correios, a Trade Link e o Banco Rural Europa aparecem como responsáveis por mais de US$ 1 milhão dessas remessas.
No mês passado, o Ministério Público Federal pediu à Justiça a quebra dos sigilos de contas da Trade Link no país. Paralelamente a isso, através do MLAT -o tratado de cooperação Jurídica Penal entre Brasil e Estados Unidos-, a Procuradoria requisitou a quebra dos sigilos de contas da Trade Link nos bancos americanos UBS, Bank Of America, Standard Chartered e Wachovia.
O objetivo da busca e apreensão nos computadores dos diretores do Banco Rural é conseguir estabelecer provas do elo entre as offshores, o Banco Rural e doleiros que operam no câmbio paralelo, um eufemismo usado pelo mercado para as remessas ilegais.


Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/Remessas suspeitas: Transações com offshore são foco de operação
Próximo Texto: Batalha judicial: DNA pede a prisão de 2 dirigentes do BMG
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.