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Trade Link foi alvo
da CPI do Banestado
DA AGÊNCIA FOLHA
EM LONDRINA E BELO HORIZONTE
DO ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
A offshore Trade Link Bank se
envolveu em escândalos políticos
do governo de Fernando Collor
de Mello (1990-1992) até a atual
administração, de Luiz Inácio Lula da Silva. Nesse período, esteve
no centro das investigações da
força-tarefa do Banestado e da
CPI do Banestado. Ela agora volta
à cena como a principal remetente de dinheiro para a conta do publicitário Duda Mendonça na
offshore Dusseldorf.
Documentos oficiais do governo das Ilhas Cayman, obtidos pela
Folha, mostram que a Trade Link
Bank foi criada em meados da década de 80 pelo ex-presidente do
Banco Rural Sabino Correa Brandão, já morto. Em 1985 ela já registrava operações nas Ilhas Cayman, com remessas de dinheiro
para a Suíça. O Banco Rural nega
ter relação com a Trade Link.
Em 1993, movimentações financeiras em contas na Suíça do empresário Paulo César Farias, o PC
Farias -acusado de ser o operador do suposto caixa dois do presidente Fernando Collor de Mello-, mostravam que a Trade
Link Bank havia remetido US$ 2,6
milhões, a partir da Ilhas Cayman,
para três das seis contas de PC Farias na Suíça. Esse dinheiro havia
saído do Brasil por meio de remessas de doleiros.
Entre 1996 e 1998, a Trade Link
movimentou US$ 698,4 milhões
no Banestado de Nova York (Estados Unidos), na conta de número 560-1, que mantinha na agência do extinto banco paranaense.
Investigações da força-tarefa
nos contas da offshore Beacon
Hill, no JP Morgan Chase, de Nova York, mostraram ainda que o
próprio Banco Rural operava débitos na conta Lonton para créditos de suas offshores Rural International Bank, Ife Rural Bank e
Trade Link Bank.
Nova offshore
Nas remessas enviadas para a
conta do publicitário Duda Mendonça na offshore Dusseldorf
-sediada no paraíso fiscal das
Bahamas-, além da Trade Link
Bank, maior remetente, aparecem
ainda remessas do Banco Rural
Europa, uma nova offshore ligada
ao Banco Rural.
Em recibos de depósitos de US$
1,6 milhão que Duda Mendonça
entregou à CPI dos Correios, a
Trade Link e o Banco Rural Europa aparecem como responsáveis
por mais de US$ 1 milhão dessas
remessas.
No mês passado, o Ministério
Público Federal pediu à Justiça a
quebra dos sigilos de contas da
Trade Link no país. Paralelamente a isso, através do MLAT -o
tratado de cooperação Jurídica
Penal entre Brasil e Estados Unidos-, a Procuradoria requisitou
a quebra dos sigilos de contas da
Trade Link nos bancos americanos UBS, Bank Of America, Standard Chartered e Wachovia.
O objetivo da busca e apreensão
nos computadores dos diretores
do Banco Rural é conseguir estabelecer provas do elo entre as offshores, o Banco Rural e doleiros
que operam no câmbio paralelo,
um eufemismo usado pelo mercado para as remessas ilegais.
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