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NOVAS CONEXÕES
Promotores apuram se PT desviou dinheiro em BH para pagar Duda
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O Ministério Público de Minas
Gerais investiga possível relação
entre o caixa dois montado pelo
PT no governo Luiz Inácio Lula
da Silva e o suposto desvio de recursos públicos do projeto de vigilância eletrônica Olho Vivo, da
prefeitura petista de Belo Horizonte. Uma das suspeitas é que
parte do dinheiro do projeto tenha irrigado o caixa dois do PT e
pagado dívidas com o publicitário
Duda Mendonça no exterior.
O elo entre os fatos em apuração
é o empresário mineiro Glauco
Diniz Duarte, ex-diretor da CDL-BH (Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte), entidade
que administra os recursos do
projeto Olho Vivo. Além de signatário dos convênios do projeto pela CDL-BH, Duarte é dono da GD
International Corp, empresa com
sede em Pompano Beach, na Florida (EUA), e que remeteu dinheiro para uma conta de Duda Mendonça na Dusseldorf Company,
uma offshore (empresa em que os
sócios não são identificados) no
paraíso fiscal das Bahamas.
Entre as 40 transferências que
Duda comprovou documentalmente ter recebido na conta da
Dusseldorf, quatro foram intermediadas pela GD International
Corp (atual Gedex Inter Corp). Os
depósitos, feitos em julho e agosto
de 2003, somam US$ 269.923
-cerca de R$ 630 mil, ao câmbio
de ontem. Um comerciante brasileiro vizinho da empresa disse à
reportagem que ela fechou as portas há duas semanas.
Em depoimento à CPI dos Correios, Duda disse ter recebido, por
meio da Dusseldorf, R$ 10,5 milhões de caixa dois do PT, como
pagamento de dívidas da campanha de 2002. Disse ainda que, pelos serviços prestados ao PT nas
eleições municipais de 2004, que
incluíram a campanha do prefeito
de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, restou um débito de R$
14,7 milhões. A Prefeitura de Belo
Horizonte diz não ter dívidas de
campanha com Duda.
Em maio, a Folha divulgou que
uma empresa fantasma -a MF
Comercial, de São Paulo- forneceu pelo menos R$ 1,2 milhão em
equipamentos importados para o
projeto Olho Vivo. Para a Promotoria, eles foram contrabandeados e comprados por um valor
ainda menor do que o registrado
na nota fiscal, que era falsa.
O Coaf (Conselho de Controle
de Atividades Financeiras) já detectou movimentações expressivas de recursos por parte de
Duarte e de Marco Antônio Wardil Júnior, procurador da MF Comercial, apurou a Folha. O Ministério Público pediu a quebra dos
sigilos bancário e fiscal deles.
Lançado em dezembro de 2004,
o projeto de vigilância por câmeras é destaque da gestão Pimentel.
Dos repasses de R$ 14,7 milhões
da prefeitura para a entidade dos
lojistas previstos no primeiro
convênio do projeto, assinado em
janeiro de 2004, houve transferência de R$ 4,4 milhões, em três parcelas do ano passado. Os repasses
foram suspensos após a revelação
de indícios de irregularidades.
Apesar de os depósitos da GD
para Duda terem sido feitos em
2003, portanto antes da assinatura do convênio do Olho Vivo, a
Promotoria não descarta a hipótese de que transferências posteriores tenham ocorrido. A suposta conexão entre o caixa dois do
PT e o projeto de vigilância é investigada pelo Ministério Público
mineiro no inquérito que apura
irregularidades no Olho Vivo.
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