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Depois de derrota e greve de fome, Garotinho dirige seus esforços para Pudim
MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
Quatro anos depois de sair
da eleição presidencial com
o patrimônio de 15 milhões
de votos (18% dos válidos), o
ex-governador do Rio Anthony Garotinho, 46, virou
uma caricatura do político
promissor de outrora.
Enfurnou-se no interior
do Rio e na Baixada Fluminense com uma ambição
quase provinciana, se comparada às que já viveu: fazer
de um amigo de Campos (a
280 km do Rio), Geraldo Pudim, o deputado federal mais
votado no Estado.
Em vez de disputar com
antagonistas como Lula, José Serra e Ciro Gomes (em
2002) ou Renan Calheiros e
José Sarney (na tentativa
fracassada de se lançar pelo
PMDB à Presidência neste
ano), Garotinho concorre
com outros candidatos à Câmara para conquistar o
apoio de prefeitos e vereadores à campanha de Pudim.
Peita velhos aliados, atropela dobradinhas (candidatos à Assembléia trocam
alianças pelo acordo com
Pudim) e irrita a bancada federal do partido.
Embora presidente estadual do PMDB e marido da
governadora Rosinha, não
pede na televisão votos à legenda e sua chapa de candidatos, apenas para Pudim.
Circunspecto, Garotinho
afirma: "Estou com o coração triste. Os poderosos impediram a minha candidatura. Peço seu voto para o meu
deputado federal, Pudim".
A TV e os palanques distantes da capital exibem Garotinho bem mais rechonchudo que no final da greve
de fome de 11 dias que fez no
primeiro semestre. À época,
pesou 84 kg. Agora, tem de
95 kg a 97 kg, conforme seu
médico e vereador em Campos, o cardiologista Abdu
Neme. Pessoas próximas
contam que, ansioso, Garotinho se torna um glutão. Seu
apetite chamou a atenção há
semanas, na festa de aniversário da filha Clarissa, no Palácio Laranjeiras (residência
oficial da governadora).
Isolamento
"Dizer para vocês que estou alegre não é verdade",
disse Garotinho ao apresentar Pudim à Juventude do
PMDB do Rio em julho. A
tristeza virou referência recorrente. Em Rio Claro (RJ),
lamentou: "Estou triste porque gostaria de estar aqui como candidato a presidente".
Garotinho tentou em
2004 e 2006 (eleição extraordinária) eleger Pudim
para a prefeitura. Fracassou
nos dois pleitos. Agora, se
afastou de fiéis correligionários a fim de obter uma votação de pelo menos 300 mil
votos para o seu favorito.
Na região dos Lagos, o ex-governador tirou apoios do
deputado Bernardo Ariston.
Em Nova Iguaçu, de Nélson
Bornier. Eduardo Cunha virou concorrente de Pudim.
Eles são candidatos à reeleição pelo PMDB.
Peemedebistas de peso
não se dispõem a criticar publicamente o ex-governador.
O temor de ruptura com os
atuais governantes do Estado pesa, mas todos destacam
um fato pouco percebido fora do Rio: os Garotinho se
mantêm influentes.
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