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Renan pode ser alvo de 4º processo no Senado
PSOL quer investigação de nova denúncia sobre suposta participação de presidente do Senado em desvios de dinheiro público
Advogado Bruno Miranda Lins revelou à polícia que o senador teria recebido "sacolas de dinheiro'; ele negou acusação, em nota
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
GABRIELA GUERREIRO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
Na semana em que o Conselho de Ética do Senado programou votar o processo de cassação de mandato do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), um
quarto processo contra ele poderá ser aberto, desta vez para
investigar novas denúncias de
desvio de dinheiro público e pagamento de propina. O PSOL
anunciou que ingressará com
nova representação caso o conselho não inclua as mais recentes denúncias ao presidente do
Senado, feitas pelo advogado
Bruno de Miranda Lins.
O PSOL quer que a denúncia
seja um adendo na representação que já tramita no Conselho
de Ética contra o senador para
apurar um outro caso: se ele
praticou tráfico de influência
para para favorecer a Schincariol. Se isso não for possível, o
partido promete abrir nova
frente de investigação a Renan.
Na semana passada surgiram
denúncias em que o senador estaria envolvido em esquema de
desvio de recursos públicos
coordenado pelo lobista Luiz
Carlos Garcia Coelho. Na sexta,
a Folha revelou que a Polícia
Federal investiga o esquema.
Miranda, ex-marido da filha
de Coelho - que é funcionária
do gabinete de Renan - acusou
o senador e outros peemedebistas de se beneficiarem de
um amplo esquema de desvio
de dinheiro público. O depoimento dele foi prestado à Polícia Civil do Distrito Federal, no
processo de separação litigiosa.
Reportagens das revistas
"Época" e "Veja" desta semana
trouxeram mais detalhes do
depoimento de Miranda. As reportagens afirmam que Renan
teria recebido "sacolas de dinheiro" do esquema que envolvia ministérios do PMDB, o
INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social) e o BMG. O banco teria sido beneficiado em
operações de crédito consignado da Previdência. O BMG nega as acusações. Renan divulgou nota anteontem em que
disse que o fato atribuído a ele
é "inteiramente falso, fruto de
imaginação e má-fé".
"Vamos apresentar um requerimento para que essas novas denúncias sejam incluídas
na segunda representação [do
caso Schincariol]. Caso contrário, vamos apresentar uma nova representação. As duas
ações já estão prontas", disse a
presidente do PSOL, Heloisa
Helena (AL).
O senador João Pedro (PT-AM), que relata o caso Schincariol, disse que não vê relação
entre as novas denúncias e a
sua investigação. "A princípio,
não tem muita conexão. Mas
vamos aguardar o PSOL se pronunciar oficialmente."
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), pediu à
Polícia Federal cópia do depoimento e pretende convidar Miranda para depor.
Até agora, o Conselho de Ética já abriu três processos contra Renan por quebra de decoro. Além dos caso Schincariol,
outro processo acusa Renan de
ter usado laranjas para comprar empresas de comunicação
em Alagoas com recursos não
declarados à Receita Federal.
O primeiro processo, que investigou denúncia de que Renan teve suas contas pagas por
um lobista da empreiteira
Mendes Júnior, será analisado
nesta quarta-feira no conselho.
Os relatores Marisa Serrano
(PSDB-MS) e Renato Casagrande (PSB-ES) pediram a
cassação do senador.
O conselho decidiu que a votação será aberta, contrariando
Renan e aliados. Os peemedebistas podem ir ao Supremo
Tribunal Federal para garantir
o voto secreto. Almeida Lima
(PMDB-SE), aliado de Renan,
disse que o recurso ao STF pode ser apresentado até depois
da votação no plenário.
"A última trincheira é o Judiciário. Não é matéria interna
na minha opinião. Se há norma, a interpretação pode gerar
controvérsia", disse Marco Aurélio Mello, ministro do STF.
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