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ELEIÇÕES
Tucanos atacam governador paranaense, inaugurando mais uma disputa regional dos partidos governistas
Lerner amplia confronto entre PSDB e PFL
CLÓVIS ROSSI
do Conselho Editorial
A consequência imediata da
passagem de Jaime Lerner do
PDT para o PFL,
formalizada ontem, é abrir mais
uma frente estadual de conflito eleitoral entre PFL
e PSDB, os dois principais partidos
da base de apoio ao governo Fernando Henrique Cardoso.
Rafael Grecca, o ex-prefeito de
Curitiba e uma espécie de braço direito de Lerner, dá a medida do
grau de conflito ao dizer que o
PSDB paranaense recusou espaço
para Lerner no partido por "ódio
político".
A principal liderança do PSDB
do Paraná, hoje, é o ex-governador
Álvaro Dias, derrotado por Lerner
na disputa pelo governo estadual
em 1994.
O "ódio político" mencionado
por Grecca transparece claramente na avaliação que o deputado
Luiz Carlos Hauly, do PSDB, faz
dos motivos que levaram Lerner a
escolher o PFL: "É o filho pródigo
que volta à casa. Ele saiu da Arena e
volta ao PFL, depois de 13 anos de
socialismo moreno", ironiza
Hauly, aludindo ao passado de
Lerner como prefeito biônico pela
antiga Arena e ao rótulo que cercava o PDT.
Hauly atribui a recusa dos tucanos do Paraná em aceitar Lerner
não a "ódio político", mas a uma
"incompatibilidade absoluta" entre os dois grupos, o dele próprio e
de Álvaro Dias, vindos do PMDB, e
o de Lerner, ex-arenista.
Escambo
Como líder do terceiro grande
grupo político paranaense, o senador Roberto Requião (PMDB)
também parte para o ataque a Lerner, seu tradicional rival estadual:
"É um escambo (troca)".
O senador diz que o governo Lerner tem financiamentos pendentes
de aprovação pelo Senado e tem
também o contrato com a montadora francesa Renault à espera de
exame pelos senadores.
Sua hipótese é a de que Lerner
preferiu um partido forte no Senado, para fazer o "escambo", ou seja, mudar de partido em troca da
aprovação dos financiamentos e
do contrato. O grupo Lerner nega
com ênfase e até indignação.
Rafael Grecca diz que Lerner e
aliados deixaram o PDT porque o
partido "atrapalhava na busca de
apoios tanto para a governabilidade do Paraná como para a própria
reeleição do governador".
Grecca vira o foco das acusações
para Leonel Brizola, o líder histórico do PDT: "Com todo o respeito
pelo passado de Leonel Brizola, ele
virou um censor de idéias".
Lerner e o pessoal do PSDB concordam, em todo caso, em um
ponto: o confronto pelo governo
do Paraná não vai perturbar o
apoio de ambos ao governo Fernando Henrique Cardoso.
"Eu, como prefeito do PDT, subi ao palanque do Fernando Henrique", chega a dizer Grecca.
Luiz Carlos Hauly reforça: "Passada a eleição, não vejo problemas" (para a coligação nacional
entre os dois partidos).
É possível, mas o fato é que a mudança de Lerner para o PFL amplia
o número de Estados em que já se
insinua um confronto aberto entre
os dois principais partidos da base
governista federal.
Antes, esse cenário já se desenhava no Rio de Janeiro (Cesar
Maia, PFL x Marcello Alencar,
PSDB), São Paulo (Estado em que
o PFL pode apoiar Paulo Maluf
contra Mário Covas, do PSDB) e
Bahia (em que o conflito é antigo
entre tucanos e pefelistas).
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