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Fernando Morais vai escrever história da vida do senador, que completa 70 anos amanhã
ACM abre seu arquivo a biógrafo
MÁRIO MAGALHÃES
da Sucursal do Rio
Em sua primeira eleição, ainda
na adolescência, para a diretoria
do grêmio do Colégio da Bahia, o
presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), já
enfrentava, e vencia, a esquerda.
Boris Tabacof, o candidato batido por ACM em seu primeiro
triunfo, era, na época, um militante comunista. Hoje, é diretor
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O batismo eleitoral de ACM será um dos episódios da biografia
do senador, a ser escrita por Fernando Morais, o autor de "Chatô".
O senador completa 70 anos
amanhã, aparentemente ainda
indeciso sobre a candidatura a
um quarto mandato de governador da Bahia ou o lançamento do
filho e deputado Luís Eduardo
Magalhães (PFL-BA) ao cargo.
Sobre a biografia, ele não teve
dúvidas. No começo de 1996, viu
uma entrevista de Morais na TV.
Questionado sobre uma suposta morbidez, por se dedicar a
personagens já mortos, como a
comunista alemã Olga Benário e
o empresário de comunicação
Assis Chateaubriand, Morais citou três brasileiros, então vivos,
sobre os quais gostaria de escrever:
Ernesto Geisel, ex-presidente
da República, que morreu meses
depois, Apolônio de Carvalho,
militante comunista, e ACM.
Segredos
Por intermédio de um amigo
comum, Fernando Morais soube
que ACM se disporia a abrir seu
baú de lembranças e segredos.
"Algumas características de
Antonio Carlos me seduzem",
afirma. "Ele é depositário de um
volume monumental de informações da história recente. Se revelar tudo o que viu e sabe, será
um livraço."
"Na Bahia, não se encontra indiferença sobre ele, uma característica similar à de Chatô."
Ou seja: ACM é "Toninho
Malvadeza", para os inimigos,
ou "Toninho Ternura", para os
amigos.
No ano passado, Morais foi
cinco vezes à Bahia, onde entrevistou ACM e o acompanhou em
campanhas municipais pelo interior.
"Em qualquer comício, em tudo o que fala, é como se depois de
amanhã ele fosse disputar alguma eleição", diz o biógrafo.
Influência
Morais descarta a hipótese de
um livro reverente, por ser ainda
vivo o seu personagem -para
ele, talvez o político brasileiro
mais influente de 1964 para cá.
"O livro só ficará de pé se ele
estiver disposto a contar tudo o
que viu, que viveu, direta ou indiretamente. ACM sabe que vamos falar de tudo. Senão não tem
graça, fica um diário oficial."
De acordo com Morais, o senador é um disciplinado arquivista,
com centenas de pastas com documentos guardados em sua casa, em Salvador. Os papéis estão
sendo enviados para o biógrafo.
Eleito em 1954 para deputado
estadual pela UDN (centro-direita), em 1958, já deputado federal, ACM apoiava o presidente
Juscelino Kubitschek, do PSD
(centro). "É o estilo baiano de
fazer política", diz Morais.
Nos depoimentos, ACM já falou sobre sua vida até o fim da
adolescência. Na semana que
vem, Fernando Morais ouvirá o
escritor Jorge Amado, amigo do
senador.
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