São Paulo, Domingo, 03 de Outubro de 1999
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GRAMPO NO BNDES

Segundo ele, criação da Abin incomodaria a PF

Objetivo de acusação é envolver agência do governo, diz Telmo

da Sucursal do Rio

O agente da Subsecretaria de Inteligência do Rio Temilson Resende, o Telmo, apontado pela Polícia Federal como responsável pela instalação do grampo no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), diz que seu nome foi ligado ao episódio para "envolver o serviço de inteligência do governo".
"Creio que eles acharam que tenho o perfil ideal. Está para ser sancionada a lei de criação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e o envolvimento da Agência causaria mais polêmica e dificultaria sua criação", disse Telmo.
Ele acredita que a Abin (que seria criada a partir da Subsecretaria de Inteligência) poderia contrariar os interesses da Polícia Federal.

Jornais
Telmo, que trabalha há 23 anos na comunidade de informação e confirma conhecer boa parte dos nomes apontados como envolvidos no grampo, afirma só ter sabido do fato pelos jornais.
"Da mesma forma que eu, há 500 pessoas trabalhando em vários órgãos de informação no Rio. Muitas delas não sabiam. Por que eu teria conhecimento?", argumentou.
Amigo do ex-superintendente da Polícia Federal no Rio, Edson de Oliveira, Telmo afirma ter conversado com ele para tentar descobrir a razão do envolvimento de seu nome, mas diz não ter tido nenhuma informação sobre o inquérito porque Oliveira "não tinha acesso à investigação".
Telmo vem sendo investigado desde o ano passado como suspeito pela autoria das gravações de conversas telefônicas no BNDES, durante o processo de privatização da Telebrás.

Afastamento
O episódio acabou levando ao afastamento do então presidente do banco, André Lara Resende, e de Luiz Carlos Mendonça de Barros, que era ministro das Comunicações.
Atualmente afastado da função de analista de informações e trabalhando como agente administrativo, apenas em atividades burocráticas, Telmo se diz acabado profissionalmente.
"Meu único patrimônio é uma casa em Jacarepaguá (zona oeste do Rio) e um Opala 92. Estou prestes a me aposentar", diz o suspeito do grampo.

Salário
Hoje, com um salário bruto de R$ 3.327,00 , Telmo diz que jamais teve cargo de chefia ou de confiança, o que ele aponta como mais uma prova de que não seria amigo de João Guilherme de Almeida.
Até a semana passada, Almeida era coordenador da Subsecretaria de Inteligência no Rio de Janeiro e apontado como mais um agente a ter conhecimento do grampo que teria sido feito por Telmo na sede do BNDES.
Caso seja absolvido, Telmo pretende estudar algum tipo de ação judicial contra a União por danos morais.


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