São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2000

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PAINEL

Mesma moeda
Covas e Alckmin acertaram ainda no domingo postergar pelo menos até o final da semana o anúncio sobre a posição do PSDB no segundo turno. Os tucanos pretendem devolver a Marta o apoio envergonhado dado pela petista em 98.

Fatura política
Nas conversas com o PT, os tucanos devem fazer uma imposição. Eleita, Marta teria de dar ao programa de renda mínima os devidos créditos. A maior parte dos repasses sairia dos cofres do Estado e da União.

Cabeça no lugar
O PT vai evitar expor Marta nas conversas com os tucanos. Usará emissários até o desenlace do provável apoio. Teme sobretudo que Covas coloque a petista em situação constrangedora. O governador tem se revelado imprevisível ultimamente.

Namoro federal
Zé Dirceu, presidente nacional do PT, está atrás de Ciro Gomes. Quer tratar com o presidenciável do PPS a forma de seu apoio a Marta no segundo turno.

Conversas cruzadas
Eduardo Suplicy vai se reunir hoje em Brasília com Erundina e Tuma, separadamente. Para o xerife, o encontro é, antes de tudo, um recado ao PFL: poderá aliar-se a Marta se não obtiver o controle do partido em SP, que, nos bastidores, apoiou Alckmin.

Pote de mágoas
Tuma tem também duas razões pessoais para ficar ao lado de Marta, apesar da proximidade ideológica com Maluf. O xerife culpa o pepebista pelos boatos de que renunciaria no meio da campanha. E não esquece que o ex-prefeito prometera apoiá-lo, dizendo que não iria concorrer.

Silêncio que fala
Michel Temer (PMDB) está sendo procurado desde domingo por Delfim Netto e Paulo Maluf. Assunto: eleição municipal. O presidente da Câmara quer tempo. Seus aliados avaliam que uma eventual omissão, não declarando apoio a nenhuma das duas candidaturas, seria faturada politicamente por Maluf.

Margem de erro
Alckmin foi derrotado, mas fez boa figura nas hostes do tucanato. Terminou com 17,2% dos votos. Em 96, Serra também ficou em terceiro, com 14,5%.


Nas mãos de Deus
Dias antes da eleição, João Leite, a última esperança do PSDB numa capital do Sudeste, conversou com FHC. O tucano vai para o segundo turno em Belo Horizonte menos crítico em relação à política econômica do governo. Terá, em troca, toda a retaguarda do alto tucanato.
Hora da revanche
A vitória de João Leite pode redimir os tucanos da sova que o PSDB levou nas principais capitais. Mas há algo mais motivando o Planalto: impingir uma derrota a Itamar Franco, que apóia Célio de Castro (PSB).
Tática de guerrilha
Maluf perderá alguns votos que teve no primeiro turno. Chegou ao conhecimento da cúpula do PT que militantes mais aguerridos do partido pregaram e praticaram o voto útil no pepebista, temendo a disputa com Alckmin no segundo turno.
Ô coitados!
Paulo Maluf rebatizou o significado da sigla do seu PPB. Depois da vitória sobre Alckmin, brinca que o Partido Progressista Brasileiro virou o "Partido dos Pobres Brasileiros".
Endireitar na marra
Em apuros diante da nova composição da Câmara Municipal de SP, Maluf tem um argumento pronto contra Marta. Só um prefeito "com autoridade" poderia fazer frente aos partidos de esquerda no Legislativo.
Irmão institucional
Irmão mais novo de João Pedro Stedile, o principal ideólogo do MST, João Luiz Stedile chegou ao poder. Foi eleito prefeito em Cachoeirinha, na Grande Porto Alegre (RS), pelo PT.

TIROTEIO

De Emerson Kapaz (PPS), vice na chapa de Luiza Erundina, sobre as pesquisas eleitorais:
- As pesquisas foram o que eu chamo de profecia que se auto-alimentou. Colocaram Luiza Erundina lá embaixo para induzir o voto útil contra Maluf.

CONTRAPONTO

O buraco dos outros

Prefeito de Aracaju (SE), João Augusto Gama (PMDB) declarou durante a campanha apoio ao candidato Marcelo Déda (PT), vitorioso no primeiro turno com 53% dos votos válidos.
O PT aceitou o apoio: Gama desistira de concorrer alegando que a reeleição exigiria um alto preço ético, que ele não estava disposto a pagar. A aproximação entre PMDB e PT se deu aos poucos, cheia de dedos.
Dias antes da eleição, o PT promoveu uma grande caminhada nas ruas de Aracaju. À frente iam Déda e Gama. De repente, um típico militante petista, de camisa vermelha e barba, começou a gritar que havia um enorme buraco à frente:
- Cuidado para não cair!
Gama, que ainda não assimilara a condição de aliado, reagiu instintivamente:
- Esse buraco não é meu não, é do Albano (Franco, governador do Estado)!



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