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"ACM foi o grande vitorioso", afirma Tasso
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A FORTALEZA
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Derrotado nas eleições para a
Prefeitura de Fortaleza, o governador Tasso Jereissati (PSDB)
elogiou ontem dois personagens
fundamentais para as eleições
presidenciais e para manter a
aliança PSDB-PFL em 2002: Antonio Carlos Magalhães (PFL) e
Mário Covas (PSDB).
"Querem ver quem saiu vitorioso? Foi o ACM, porque Salvador
foi a única grande cidade que fechou a eleição no primeiro turno.
Se a eleição municipal tem alguma influência na nacional, o ACM
foi o grande vitorioso", disse Tasso.
"O Geraldo Alckmin (PSDB) fez
uma campanha belíssima em São
Paulo. Perder por 6.000 votos é
um acidente. Foi uma urucubaca.
O Covas é disparado o número
um no PSDB. Isso é irrefutável do
Pará ao Rio Grande do Sul, da esquerda à direita", acrescentou o
governador cearense.
Tasso vive criticando o terceiro
parceiro da aliança nacional e registrou sem que lhe perguntassem: "O PMDB saiu bem enfraquecido, vocês repararam?".
Depois de Covas, os demais presidenciáveis tucanos são "como
japoneses, muito parecidos".
Por exemplo, José Serra ("que
faz um excelente trabalho na Saúde) e Paulo Renato Souza ("que
também é um bom nome").
Pedro Malan, da Fazenda, não é
do PSDB, "teria dificuldades no
partido" e só seria um bom nome
se a economia "estivesse fenomenal no próximo ano".
Numa escala presidenciável de
zero a dez, o próprio Tasso acha
que caiu de "um pouco mais de
cinco" para "um pouco menos de
cinco" depois das eleições de domingo.
O projeto nacional de Tasso e
Ciro Gomes não será inexoravelmente separado? Resposta dele:
"Inexorável só a morte".
Na opinião do governador, "o
político sai bastante fortalecido e
é muito respeitado quando é popular e vence na sua base". Referia-se a ACM e também a Covas,
que teve "uma vitória moral".
Esse, entretanto, não foi o seu
caso nas eleições em Fortaleza.
A candidata Patrícia Gomes
(PPS), que teve o apoio simultâneo de Tasso e do seu ex-marido,
Ciro Gomes, teve 17% dos votos e
acabou em quarto lugar, atrás do
prefeito Juraci Magalhães
(PMDB), 33%, de Inácio Arruda
(PC do B), 30%, e de Moroni Torgan (PFL), 18%.
"Qualquer derrota em Fortaleza
é importante e não adianta arranjar desculpas, porque foi a população que decidiu. A eleição é
sempre um recado. Como disse
Nélson Pessoa (pai do cavaleiro
Rodrigo Pessoa, desclassificado
na final das Olimpíadas), tem que
saber perder para saber ganhar."
Apesar disso, Tasso fez questão
de destacar que, dos 184 municípios do Estado, 162 serão governados pela base aliada, principalmente pelo próprio PSDB.
Ele, inclusive, tentou escapar de
uma velha insinuação: a de que teria cruzado os braços na eleição
presidencial de 1998, quando
FHC perdeu na capital para Lula,
do PT, e Ciro Gomes, do PPS.
"Mas o FHC ganhou no interior,
e isso ninguém diz", frisou, alegando que as eleições municipais
mostraram que em Fortaleza ele
não poderia ter feito muito mais
por FHC, pois se trata de uma capital oposicionista.
Segundo o vice-governador Beni Veras, mentor político dos tucanos cearenses, Tasso perde
mais do que Ciro com a derrota
de Patrícia. Ele perdeu dentro de
casa, em pleno governo, enquanto Ciro faz trajetória nacional.
O que se discutia no Palácio de
Cambeba, ontem, era o que seria
"menos traumático", segundo
Tasso: apoiar Juraci ou Inácio no
segundo turno.
Juraci avisou desde domingo
que iria procurar Tasso. Inácio
admite que a disputa foi "muito
acirrada" e é difícil uma aliança,
mas vai procurar atrair os eleitores de Patrícia.
Ao falar sobre Inácio, o governador foi especialmente duro.
"Espero que o Inácio esteja mais
amadurecido, mas vejam o nome
do partido dele. Ele é do PC do B e
era da linha albanesa (mais radical) até bem pouco tempo."
Tasso também questionou a capacidade administrativa das esquerdas, lembrando a gestão da
então petista Maria Luiza Fontenelle na prefeitura (85 a 88).
"A mesma turma dela estava no
palanque do Inácio agora", disse.
Mais ameno ao se referir ao peemedebista Juraci, Tasso deixou
uma porta aberta: "A maneira como ele administra a cidade não
tem afinidade conosco, mas vou
consultar as bases do partido e fazer uma avaliação política".
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