São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2000

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"ACM foi o grande vitorioso", afirma Tasso

ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A FORTALEZA

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Derrotado nas eleições para a Prefeitura de Fortaleza, o governador Tasso Jereissati (PSDB) elogiou ontem dois personagens fundamentais para as eleições presidenciais e para manter a aliança PSDB-PFL em 2002: Antonio Carlos Magalhães (PFL) e Mário Covas (PSDB).
"Querem ver quem saiu vitorioso? Foi o ACM, porque Salvador foi a única grande cidade que fechou a eleição no primeiro turno. Se a eleição municipal tem alguma influência na nacional, o ACM foi o grande vitorioso", disse Tasso.
"O Geraldo Alckmin (PSDB) fez uma campanha belíssima em São Paulo. Perder por 6.000 votos é um acidente. Foi uma urucubaca. O Covas é disparado o número um no PSDB. Isso é irrefutável do Pará ao Rio Grande do Sul, da esquerda à direita", acrescentou o governador cearense.
Tasso vive criticando o terceiro parceiro da aliança nacional e registrou sem que lhe perguntassem: "O PMDB saiu bem enfraquecido, vocês repararam?".
Depois de Covas, os demais presidenciáveis tucanos são "como japoneses, muito parecidos".
Por exemplo, José Serra ("que faz um excelente trabalho na Saúde) e Paulo Renato Souza ("que também é um bom nome").
Pedro Malan, da Fazenda, não é do PSDB, "teria dificuldades no partido" e só seria um bom nome se a economia "estivesse fenomenal no próximo ano".
Numa escala presidenciável de zero a dez, o próprio Tasso acha que caiu de "um pouco mais de cinco" para "um pouco menos de cinco" depois das eleições de domingo.
O projeto nacional de Tasso e Ciro Gomes não será inexoravelmente separado? Resposta dele: "Inexorável só a morte".
Na opinião do governador, "o político sai bastante fortalecido e é muito respeitado quando é popular e vence na sua base". Referia-se a ACM e também a Covas, que teve "uma vitória moral".
Esse, entretanto, não foi o seu caso nas eleições em Fortaleza.
A candidata Patrícia Gomes (PPS), que teve o apoio simultâneo de Tasso e do seu ex-marido, Ciro Gomes, teve 17% dos votos e acabou em quarto lugar, atrás do prefeito Juraci Magalhães (PMDB), 33%, de Inácio Arruda (PC do B), 30%, e de Moroni Torgan (PFL), 18%.
"Qualquer derrota em Fortaleza é importante e não adianta arranjar desculpas, porque foi a população que decidiu. A eleição é sempre um recado. Como disse Nélson Pessoa (pai do cavaleiro Rodrigo Pessoa, desclassificado na final das Olimpíadas), tem que saber perder para saber ganhar."
Apesar disso, Tasso fez questão de destacar que, dos 184 municípios do Estado, 162 serão governados pela base aliada, principalmente pelo próprio PSDB.
Ele, inclusive, tentou escapar de uma velha insinuação: a de que teria cruzado os braços na eleição presidencial de 1998, quando FHC perdeu na capital para Lula, do PT, e Ciro Gomes, do PPS.
"Mas o FHC ganhou no interior, e isso ninguém diz", frisou, alegando que as eleições municipais mostraram que em Fortaleza ele não poderia ter feito muito mais por FHC, pois se trata de uma capital oposicionista.
Segundo o vice-governador Beni Veras, mentor político dos tucanos cearenses, Tasso perde mais do que Ciro com a derrota de Patrícia. Ele perdeu dentro de casa, em pleno governo, enquanto Ciro faz trajetória nacional.
O que se discutia no Palácio de Cambeba, ontem, era o que seria "menos traumático", segundo Tasso: apoiar Juraci ou Inácio no segundo turno.
Juraci avisou desde domingo que iria procurar Tasso. Inácio admite que a disputa foi "muito acirrada" e é difícil uma aliança, mas vai procurar atrair os eleitores de Patrícia.
Ao falar sobre Inácio, o governador foi especialmente duro. "Espero que o Inácio esteja mais amadurecido, mas vejam o nome do partido dele. Ele é do PC do B e era da linha albanesa (mais radical) até bem pouco tempo."
Tasso também questionou a capacidade administrativa das esquerdas, lembrando a gestão da então petista Maria Luiza Fontenelle na prefeitura (85 a 88).
"A mesma turma dela estava no palanque do Inácio agora", disse.
Mais ameno ao se referir ao peemedebista Juraci, Tasso deixou uma porta aberta: "A maneira como ele administra a cidade não tem afinidade conosco, mas vou consultar as bases do partido e fazer uma avaliação política".


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