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Governo descarta renegociação
KENNEDY ALENCAR
ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral) descartou
ontem a possibilidade de o governo federal renegociar a dívida da
Prefeitura de São Paulo, como
propõe a petista Marta Suplicy.
"A Lei de Responsabilidade Fiscal para o governo é um dogma.
Não há clima político para renegociação", disse Aloysio.
Aprovada no primeiro semestre, a lei proíbe a União de refinanciar dívidas de Estados e municípios. Ou seja: não há saída para suavizar os termos impostos ao
município pelo contrato, a não ser
mudar a lei no Congresso, o que
está fora dos planos do governo.
"Se se abrir uma exceção, a lei
morre", disse Aloysio, que declarou que a posição do governo seria a mesma se Geraldo Alckmin,
candidato tucano que ficou em
terceiro lugar na eleição, tivesse
passado para o segundo turno.
No primeiro turno da eleição,
Alckmin disse à Folha que proporia algum tipo de renegociação da
dívida, por avaliar, como a candidata do PT, que não será possível
cumprir os termos do acordo feito entre Pitta e a União.
As regras da Lei de Responsabilidade Fiscal também impedem
que o novo prefeito refinancie
com a União as dívidas de curto
prazo, estimadas em R$ 1,4 bilhão, que Pitta está deixando sob a
forma de "restos a pagar". Dentro
desse débito, estão principalmente valores devidos a empreiteiras e
fornecedores.
Pitta assinou em maio passado
um contrato com o Tesouro para
a federalização de uma dívida de
R$ 11 bilhões. Com isso, os antigos
credores do município (principalmente Banco do Brasil e Banespa)
tornaram-se credores da União,
enquanto o município passou a
dever para a União.
O pagamento mais pesado desse débito deverá ocorrer em fins
de 2002, quando a prefeitura se
comprometeu a honrar uma parcela equivalente a 20% do débito.
É esse o ponto mais questionado
por Marta, que alega que a privatização do Anhembi e do Pacaembu não será suficiente para quitar
essa parte da dívida.
Ao assinar o contrato, Pitta afirmou pretender pagar a parcela
com dinheiro de privatizações.
Ele também vinha reivindicando
direito a parte dos recursos arrecadados na concessão do direito
de explorar serviço de fornecimento de água no município.
Se o futuro prefeito não pagar
essa dívida, o contrato prevê juros
maiores como penalidade. Hoje,
o contrato exige o pagamento de
juros de 6% ao ano mais a variação do IGP-DI (Índice Geral de
Preços - Disponibilidade Interna). O contrato determina que os
juros subam a 9% anuais mais
IGP-DI no caso de o município
não honrar a parcela de 20% que
vence em 2002.
Em ambas hipóteses, os juros ficam abaixo dos valores de mercado.
Do ponto de vista de comprometimento mensal de renda, entretanto, o contrato de São Paulo
não difere em nada daqueles assinados com Estados e demais municípios.
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