São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Petistas querem apoio de Tuma no 2º turno

DA REPORTAGEM LOCAL

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os petistas têm esperança de receber o apoio do PFL ou pelo menos de seu candidato, Romeu Tuma, à candidatura de Marta Suplicy (PT) no segundo turno das eleições de São Paulo.
"Vi declarações nas quais o Tuma não descarta o apoio. E o segundo turno não existiria se fossem valer as posição partidárias, a coisa de governo e oposição. Portanto, dentro de padrões éticos e programáticos, você aceita apoio de todas as forças políticas, porque o voto é de exclusão, é antimalufista", disse o presidente do partido, José Dirceu, para quem os apoios devem ser definidos na próximas 48 horas.
Ao admitir sua derrota, o senador Tuma telefonou para a casa de Marta, para cumprimentá-la pela votação. O senador Eduardo Suplicy (PT) atendeu o telefone e foi convidado para uma conversa sobre o segundo turno.
Os dois participam hoje de manhã de reunião da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Segundo Marta, Tuma teria dito que quer "um governo ético e transparente em São Paulo". A assessoria de imprensa de Tuma não confirma o teor da conversa. Mas Marta considera a frase como expressão de apoio.
"Duvido que essa frase sirva para Paulo Maluf. Essa frase tem endereço certo: é para mim e para o PT", afirmou a petista.
"Tuma fez toda a campanha se diferenciando de Maluf. O eleitorado que optou por Tuma, mesmo o conservador, fez uma opção antimalufista e temos chance de disputar esse eleitorado", disse o deputado Aloizio Mercadante.
A assessoria de Tuma informou que o senador só falará sobre alianças no segundo turno depois que houver uma decisão do PFL.
De acordo com o presidente da Executiva Regional do PFL, Cláudio Lembo, o partido vai se reunir na quinta-feira, em São Paulo, para decidir o que fazer.
O PT quer o apoio -e os votos do PFL-, mas subir no palanque com membros do partido adversário, discutir programa e aceitá-los como parceiros de governo são hipóteses descartadas pelos petistas.
"Uma coisa é declarar voto. Outra é coligação, aliança", diferenciou o deputado federal José Genoíno.
"Acho difícil imaginar algumas figuras do PFL em um palanque de uma frente ética. Mesmo porque o Hildebrando (Pascoal, deputado federal cassado) está preso", disse Mercadante.
"O PFL não vai participar do governo. Vocês sabem que um apoio programático não vai acontecer. Eles não querem nem nós queremos. Mas se no segundo turno você não pode receber o apoio de alguém que não vai participar do governo, vamos acabar com o segundo turno", completou Dirceu.
Para Luiz Inácio Lula da Silva, "apoio não se recusa". "Confesso a vocês que no segundo turno até se o Maluf quisesse votar na Marta eu não recusaria", disse ele.
Romeu Tuma conversa hoje com o presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, e com o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, sobre as possibilidades de apoio do partido no segundo turno.
A Folha apurou que o PFL deve ficar neutro. Existe um grupo de pefelistas que defende o apoio a Maluf. A idéia de apoiar Marta não tem repercussão no PFL, que esteve com Paulo Maluf em 1992 e com Celso Pitta em 1996.
Tuma vai lançar uma campanha publicitária, com outdoors, para "agradecer o carinho e o respeito demonstrados pela população" de São Paulo na eleição.


Texto Anterior: São Paulo: Tucanos devem declarar apoio a Marta
Próximo Texto: Governo descarta renegociação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.