São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2000

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Mais votado quer volta da CPI da máfia

DA REPORTAGEM LOCAL

José Eduardo Cardozo (PT), o vereador mais votado na cidade de São Paulo (229.494 votos), disse ontem que os parlamentares eleitos terão o dever de retomar na próxima legislatura as apurações sobre a atuação da máfia da propina na administração e o envolvimento de parlamentares em irregularidades. "Se nós investigamos 3% daquilo que aconteceu no Executivo foi muito", disse.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista que ele concedeu ontem à Folha.
(JOÃO CARLOS SILVA)
Folha -

O que explica seu desempenho nas urnas?
Cardozo -
Na minha opinião, a votação que tive representa um desejo da população de garantir que a Câmara não seja mais o que vinha sendo. Quer dizer, que a Câmara passe a ser um poder independente do Executivo, sem as práticas clientelistas, fisiológicas e marcadas por corrupção.
Folha -

Se a atual oposição tiver maioria na Câmara na próxima legislatura, como ficarão as investigações contra a atual administração e vereadores?
Cardozo -
É nosso dever proceder as investigações. Com um Executivo diferente, a possibilidade de investigação, tanto na Câmara de São Paulo como no Ministério Público e na polícia, fica muito mais aberta.
Folha -

O que deixou de ser investigado?
Cardozo -
Se nós investigamos 3% daquilo que aconteceu no Executivo, foi muito.
Folha -

Então o próximo mandato começa com CPIs?
Cardozo -
Essa é uma questão que vamos ter de discutir.
Folha -

E se dependesse do sr.?
Cardozo -
Temos que fazer duas coisas. Temos, ao mesmo tempo, que garantir a governabilidade na cidade e ir atrás daqueles que desviaram dinheiro público para tentar recuperá-lo. Os responsáveis têm de ser punidos.
Folha -

O sr. não acha que seu desempenho nas urnas ocorreu exatamente pelo fato de já ter comandado uma CPI?
Cardozo -
Embora nunca tenha sido um objetivo pessoal, acho natural que aqueles que estiveram à frente do processo tenham tido uma maior inserção na mídia. Isso acaba tendo uma repercussão.
Folha -

A atual oposição tem cerca de 20 votos e pode ficar com cerca de 30 na próxima legislatura. A manutenção dessa maioria ainda depende de acordos...
Cardozo -
Esse é um processo normal da política.
Folha -

Há um risco de a oposição de hoje rachar, dependendo de quem estiver na prefeitura...
Cardozo -
O PT e o PSDB têm sido partidos adversários no cenário nacional e isso pode ter reflexo na conjuntura municipal. Mas é importante construir um pressuposto ético comum de convivência. As forças políticas que defendem a transformação ou que tenham um compromisso com a ética têm de estar somando. Aqueles que não vierem para o campo certo dessa luta vão ser execrados pela opinião pública.
Folha -

O sr. já pensou em concorrer para o cargo de presidente da Câmara no próximo ano?
Cardozo -
Esse é um desejo dos 55 vereadores. Faço parte dos 55, mas esse é um processo que passa por uma discussão com meu partido e com minha bancada.
Folha -

O que o sr. achou de seus colegas eleitos?
Cardozo -
Houve um salto de qualidade muito importante, primeiro no quadro de forças políticas que compõe a Câmara. A derrota de alguns pilares do malufismo nessa Casa mostra o desejo de mudança na cidade.


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