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Mais votado quer volta da CPI da máfia
DA REPORTAGEM LOCAL
José Eduardo Cardozo (PT), o
vereador mais votado na cidade
de São Paulo (229.494 votos), disse ontem que os parlamentares
eleitos terão o dever de retomar
na próxima legislatura as apurações sobre a atuação da máfia da
propina na administração e o envolvimento de parlamentares em
irregularidades. "Se nós investigamos 3% daquilo que aconteceu
no Executivo foi muito", disse.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista que ele concedeu ontem à Folha.
(JOÃO CARLOS SILVA)
Folha - O que explica seu desempenho nas urnas?
Cardozo - Na minha opinião, a
votação que tive representa um
desejo da população de garantir
que a Câmara não seja mais o que
vinha sendo. Quer dizer, que a
Câmara passe a ser um poder independente do Executivo, sem as
práticas clientelistas, fisiológicas e
marcadas por corrupção.
Folha - Se a atual oposição tiver
maioria na Câmara na próxima legislatura, como ficarão as investigações contra a atual administração e vereadores?
Cardozo - É nosso dever proceder as investigações. Com um
Executivo diferente, a possibilidade de investigação, tanto na Câmara de São Paulo como no Ministério Público e na polícia, fica
muito mais aberta.
Folha - O que deixou de ser investigado?
Cardozo - Se nós investigamos
3% daquilo que aconteceu no
Executivo, foi muito.
Folha - Então o próximo mandato começa com CPIs?
Cardozo - Essa é uma questão
que vamos ter de discutir.
Folha - E se dependesse do sr.?
Cardozo - Temos que fazer duas
coisas. Temos, ao mesmo tempo,
que garantir a governabilidade na
cidade e ir atrás daqueles que desviaram dinheiro público para tentar recuperá-lo. Os responsáveis
têm de ser punidos.
Folha - O sr. não acha que seu
desempenho nas urnas ocorreu
exatamente pelo fato de já ter comandado uma CPI?
Cardozo - Embora nunca tenha
sido um objetivo pessoal, acho
natural que aqueles que estiveram
à frente do processo tenham tido
uma maior inserção na mídia. Isso acaba tendo uma repercussão.
Folha - A atual oposição tem
cerca de 20 votos e pode ficar com
cerca de 30 na próxima legislatura.
A manutenção dessa maioria ainda
depende de acordos...
Cardozo - Esse é um processo
normal da política.
Folha - Há um risco de a oposição de hoje rachar, dependendo de
quem estiver na prefeitura...
Cardozo - O PT e o PSDB têm sido partidos adversários no cenário nacional e isso pode ter reflexo
na conjuntura municipal. Mas é
importante construir um pressuposto ético comum de convivência. As forças políticas que defendem a transformação ou que tenham um compromisso com a
ética têm de estar somando.
Aqueles que não vierem para o
campo certo dessa luta vão ser
execrados pela opinião pública.
Folha - O sr. já pensou em concorrer para o cargo de presidente
da Câmara no próximo ano?
Cardozo - Esse é um desejo dos
55 vereadores. Faço parte dos 55,
mas esse é um processo que passa
por uma discussão com meu partido e com minha bancada.
Folha - O que o sr. achou de
seus colegas eleitos?
Cardozo - Houve um salto de
qualidade muito importante, primeiro no quadro de forças políticas que compõe a Câmara. A derrota de alguns pilares do malufismo nessa Casa mostra o desejo de
mudança na cidade.
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