São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2000

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Petista utiliza discurso e simbologia "light"

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Com discurso menos agressivo e simbologia ""light", o PT conseguiu vaga num inédito segundo turno em Curitiba, ameaçando a hegemonia do grupo de Jaime Lerner (PFL) -um dos resultados mais surpreendentes do pleito de domingo.
A opção pelo ""PT light" foi feita com base na crença de que o eleitorado curitibano é um dos mais conservadores do país. Até o vermelho foi trocado pelo amarelo na campanha. O responsável pela ""suavização" é o candidato Angelo Vanhoni, cuja origem política, ironicamente, remonta a grupos à esquerda no petismo.
Tudo começou com a vitória de Vanhoni, 43, deputado estadual, nas prévias. Ele derrotou o deputado federal Florisvaldo Fier, o Dr. Rosinha, identificado com as alas mais esquerdistas do partido.
O PT deixou para o grupo do senador Roberto Requião (PMDB-PR) o papel de criticar Lerner e seu candidato, o prefeito Cássio Taniguchi (PFL). Os dois irmãos do senador na disputa acabaram tendo um desempenho ruim.
O horário de Vanhoni excluiu setores como os identificados com movimentos sociais, notadamente o MST. Figuras como a do líder petista Luiz Inácio Lula da Silva, que tem alto índice de rejeição na capital paranaense, quase não apareceram na TV.
Vanhoni é casado e tem um filho, Lucas, de 6 anos. Portador de deficiência física, contraiu poliomielite quando tinha um ano e meio de idade. Setores dentro do PT vêem na atitude de Vanhoni uma mudança de comportamento desde os tempos em que o candidato iniciou sua militância política no movimento estudantil.
Eleito vereador em 1988 na primeira bancada do PT na Câmara Municipal, Vanhoni se destacou na corrente interna O Trabalho, ala trotskista do PT paranaense.
Funcionário licenciado do Banestado (Bando do Estado do Paraná), o candidato rumou progressivamente ao centro petista e se ligou à Unidade na Luta, tendência predominante no Paraná.
Ele chegou a militância partidária depois de passar pela vice-presidência do Sindicato dos Bancários no Paraná e assumir a Secretaria Geral da CUT.
Vanhoni conseguiu espaço no partido após dois mandatos na Câmara Municipal e dois na Assembléia Legislativa do Estado. Em 1996, disputou a eleição municipal e foi derrotado pelo mesmo Cássio Taniguchi.
À época, ficou em terceiro lugar, com 11,8% dos votos válidos, pouco mais de 82 mil. No primeiro turno deste ano, chegou a 35%, cerca de 300 mil votos. "O partido evoluiu e deixou de ficar apenas discutindo os problemas para apresentar propostas que façam com que o eleitor acredite em nós", afirmou. (WO)



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