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TRUCO NA REFORMA
Presidente da Câmara dá a entender que deputados derrubarão alterações dos senadores na tributária
Mudança no Senado é "erro", diz João Paulo
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O anúncio de que o Senado fará
uma reformulação profunda na
proposta de reforma tributária
causou reação imediata na Câmara dos Deputados, que passou
cinco meses discutindo a proposta. O presidente da Casa, João
Paulo Cunha (PT-SP), declarou
ontem que a reforma aprovada na
Câmara é a melhor para o Brasil.
João Paulo também considerou
um erro a possibilidade de alteração das novas regras do ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços), a principal fonte de recursos dos Estados
e dos municípios.
"O ICMS que está lá é bom. É
muito bom para o Brasil. Acaba
com a guerra fiscal. Está errado tirar", disse João Paulo.
Ele se referia a duas questões. A
primeira é a articulação para derrubar o ponto inserido pelos deputados que transfere, num prazo
de 11 anos, parte da arrecadação
do ICMS dos Estados de origem
das mercadorias para os Estados
de destino. A segunda é a validação -também por um período
de 11 anos- de concessões, pelos
Estados, de benefícios fiscais para
a atração de empresas, a chamada
guerra fiscal.
O presidente da Câmara deu a
entender que possíveis alterações
do Senado nas regras de ICMS
aprovadas no final do mês passado podem ser derrubadas pelos
deputados. Isso porque voltam
para nova apreciação na Casa os
pontos alterados pelos senadores.
"A guerra fiscal não é boa para
ninguém. O povo brasileiro é
quem perde. Querem tirar? Não
tem problema: tira. Depois a gente vai ver na Câmara o que a gente
vai fazer", afirmou.
"Revolucionária"
Indiretamente, João Paulo Cunha criticou as declarações de
Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado, que
disse, pela manhã, que seriam feitas alterações na proposta.
"Acho muito difícil [a proposta
de reforma tributária] ser mais revolucionária do que a que saiu da
Câmara. Vamos aguardar. Eu admito que existem pessoas mais revolucionárias do que eu e do que
os nossos deputados, mas a qualidade da reforma da Câmara é boa.
Acho muito difícil mudar os pontos inseridos lá", disse.
Outro que se insurgiu contra
possíveis alterações foi o relator
da proposta na Câmara, Virgílio
Guimarães (PT-MG). "Vão tirar a
transição origem/destino? Isso é
revolucionário? Isso é conservador. Revolucionário seria transferir a arrecadação para o destino
de forma mais rápida", disse.
Hoje, a maior parte da arrecadação do ICMS fica no local de origem, beneficiando Estados como
São Paulo. "Se fizerem essa alteração, os senadores vão ganhar um
título de cidadão honorário de
São Paulo", ironizou o deputado.
O governo e os senadores procuraram evitar um clima de confronto. "Tudo o que a Câmara fez
será aproveitado", disse o ministro José Dirceu (Casa Civil).
"A Câmara fez um grande trabalho na reforma da Previdência,
que será mantido pelo Senado.
Não há nenhum espírito de competição", disse Mercadante.
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