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MÍDIA
Ministro alega ter sido ofendido
Gushiken interpela repórter de Brasília
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo e Gestão
Estratégica) interpelou judicialmente uma repórter de um pequeno semanário de Brasília. Ele
quer que a jornalista dê explicações sobre uma reportagem que
teria ofendido a sua honra ao afirmar que ele defende a "privatização" da Previdência por ter ligações com fundos de pensão.
Gushiken usou a estrutura da
AGU (Advocacia Geral da União)
para pedir as explicações. Após
recebê-las, poderá pedir a abertura de processo por crime contra a
honra. O ministro argumenta
que, além da sua honra pessoal,
também teria sido atingida a "dignidade do cargo" que ocupa.
A base da reportagem, publicada pelo jornal "Planalto Central",
na edição de 13 a 19 de agosto e assinada por Carla Lisboa, é um livro publicado em julho pelo diretor jurídico do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo,
Magno Mello -"A Face Oculta
da Reforma Previdenciária". Ele
não foi interpelado, mas também
poderá ser alvo de uma ação.
A jornalista foi interpelada pela
12ª Vara da Justiça Federal em
Brasília. Para defendê-la, foi contratado o próprio Magno Mello,
que é advogado e assessor legislativo da Câmara dos Deputados.
Os desentendimentos entre ministros e repórteres são comuns,
mas normalmente não chegam à
Justiça. A AGU tem a tarefa de defender os ministros "vítimas de
crimes, quanto a atos praticados
no exercício de suas atribuições
constitucionais, legais e regulamentares". O uso da estrutura do
órgão nesse caso é polêmico porque a reportagem cita fatos que
ocorreram antes do governo Lula.
A interpelação cita a Lei de Imprensa, de 1967, sinalizando a
possibilidade de processar a repórter sob acusação de prática de
calúnia, difamação e injúria.
O jornal "Planalto Central" foi
criado há um ano e meio por dois
empresários de Goiânia. Com tiragem de 2.500 exemplares, ele é
distribuído em gabinetes de parlamentares e repartições públicas.
A reportagem refere-se a Gushiken como "o PC do esquema petista de privatização da Previdência" e cita como suposta prova da
ligação dele com fundos de pensão material de propaganda de
uma chapa da Previ (fundo do
BB), apoiada por ele, em 1998.
Na próxima edição, o jornal publicará um texto apresentado pela
AGU à Justiça como direito de
resposta, antecipando-se à eventual condenação nesse sentido.
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