São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2003 |
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AO PÉ DO OUVIDO Em entrevista a emissoras de rádio, presidente afirma que "acabou o tempo das vacas magras" e defende ida a Cuba "Demos uma trucada" nos ricos, diz Lula
GABRIELA ATHIAS SEGURANÇA PÚBLICA - ""É fácil
falar de segurança e muito difícil
fazer política de segurança. O que
o povo espera é que todos os bandidos sejam presos. Mas para ter
uma ação de segurança é preciso
primeiro organizar a polícia. Criamos o Sistema Único de Segurança Pública. O crime organizado
está no empresariado, na sociedade, no poder político, no Judiciário, tem braço internacional." RODOVIAS - ""O problema das estradas é de vários anos de irresponsabilidade de não cuidar da
manutenção daquilo que já existia. Pegamos o governo com todas
as estradas deterioradas. Todas.
As coisas estão andando. Não do
jeito que gostaríamos porque não
temos os recursos necessários." CRESCIMENTO ECONÔMICO -""A
retomada do crescimento da economia é o nosso desejo, a nossa
obsessão e o nosso sonho. Podemos falar que para os próximos 12
meses a inflação não ultrapassará
7% e os mais otimistas acham que
pode chegar a 5%. As taxas de juros começaram a cair e começamos a bater recorde atrás de recorde nas nossas exportações.
Claro que o interessante é combinar o crescimento das exportações com o do consumo interno
para que a gente possa melhorar e
gerar empregos. Tudo isso está
dentro de uma certeza de que acabou o tempo das vacas magras.
Todo o sacrifício que tinha que
ser feito já foi feito." INFRA-ESTRUTURA - ""Já vamos
começar a chamar empresários
brasileiros e internacionais para
saber quem está disposto a fazer
primeiro parceria com o governo,
o chamado PPP (Parceria Público-Privada). Tudo na lógica do
crescimento econômico e da geração dos empregos. Não sei se serão 10, 5 ou 20 (milhões)." TRANSGÊNICOS - ""Não se trata de
ser contra ou a favor. Tínhamos
duas coisas a fazer: ou proibíamos
a comercialização e mandávamos
a Polícia Federal atear fogo na soja. Isso seria uma fotografia horrível num país em que o povo está
com fome e que precisa exportar.
Ou se entendia a situação do momento e se criava as condições de
comercialização. Nos próximos
15 dias vamos dar entrada no projeto de lei para que o Congresso
possa definitivamente regulamentar e definir o problema dos
transgênicos no Brasil. Se for preciso, contrataremos fiscais para
que a gente veja a rotulagem." REFORMA POLÍTICA - ""Sou favorável à reforma política e amplamente favorável à fidelidade partidária. Não sei quem disse que o
governo está patrocinando a troca
de partidos. É engraçado porque
no PT não entrou quase ninguém.
Pelo contrário, estamos com a decisão de tirar os companheiros
que trabalharam contra a decisão
da bancada. O mandato não pode
ser dele [político] e sim do partido. A deliberação do partido vale
para todos. Quem não concordar,
tem que sair. A reforma política
tem que ser dura e permitir que se
reorganize o quadro partidário no
país, que é muito frágil e débil. É
preciso acabar com partidos de
aluguel." POLÍTICA EXTERNA - ""Em Cancún [última rodada de negociação
da Organização Mundial do Comércio no mês passado], o que
aconteceu de fantástico é que conseguimos juntar 22 países que representam mais da metade da população mundial -os Estados
Unidos e a União Européia não
esperavam que isso pudesse
acontecer. O Brasil por generosidade dos outros passou a ser o
coordenador. PROGRAMAS SOCIAIS -""Quando
o Fome Zero nasceu teve gente fazendo comentários de que no outro dia a fome estaria resolvida.
Ora, se não foi resolvida em séculos, não seria eu, que tenho os poderes máximos de um ser humano normal, que iria resolver. Os
municípios atendidos serão 1.227.
O programa está funcionando a
toda a prova. Vou dar um dado de
Guaribas (PI). Começamos lá em
fevereiro. A taxa de mortalidade
infantil caiu de 37,5 por mil para
zero. Obviamente que a cidade
ainda não virou uma Califórnia e
nem uma Ribeirão Preto, mas o
Fome Zero mudou a cara da cidade. Pela primeira vez a cidade tem
um instituto de beleza. O Fome
Zero é um sucesso absoluto." PT NO GOVERNO - ""Os ideais do
PT não são incompatíveis com o
fato de estar no governo. Quando
você teoriza, você acha, pensa,
acredita. Quando você governa,
você faz. É como um paciente na
sala de cirurgia. O médico tem
que decidir se corta ou não corta.
O risco você tem que correr. O VICE - ""Entre as coisas boas
que Deus fez à minha vida foi ter
conhecido o José Alencar. Acho
que a coisa mais normal é que em
alguns momentos você possa ter
visões diferentes sobre as coisas.
Temos DNAs diferentes, gostamos de clubes diferentes, temos
coisas diferentes na vida. Tenho
com a minha mulher, com o meu
filho, por que não posso ter com o
José Alencar. Ele é o vice que o
Brasil precisa. O fato de ele falar
sobre juros? Pode continuar falando. Acontece que alguns podem pensar que os juros poderiam baixar 20% de uma vez. Eu
acho que não. Temos que dar os
passos de acordo com as pernas,
se não você vai ter distensão e vai
ficar muitos meses acamado.
Cautela e caldo de galinha não fazem mal. Em relação aos transgênicos era um tema polêmico. Eu
viajei sem que a medida provisória tivesse ficado pronta. Se pudesse, teria assinado. O José Alencar fez muito bem de ouvir as pessoas. Não vejo defeito nisso, e sim
virtude. Ele não era conhecedor
do assunto e disse isso à imprensa. Ele tinha a Marina [Silva, ministra] e deputados querendo discutir. A medida provisória foi assinada e, entre mortos e feridos,
todos estão vivos." EXPORTAÇÕES - ""A terra está ficando pequena para nossas metas. Quando começamos o governo determinamos que a política
externa fosse mais arrojada." CUBA - ""Primeiro, como é o nome [da entidade de jornalistas
que criticou o fato de Lula não ter
questionado publicamente a
questão dos direitos humanos em
viagem a Cuba]? Repórteres sem
Fronteira? Vocês, repórteres, estão sem informação. É descabido
lá de Paris alguém ficar fazendo
julgamento do meu comportamento com relação a Cuba. ESQUERDA - ""Confesso que não
gosto de rótulos. Eu prefiro ser o
Lula torneiro mecânico, pernambucano de Garanhuns, que chegou à Presidência da República. NOMEAÇÕES POLÍTICAS - "Eu
acho engraçado, gente, é pensar
que, alguém ganhando as eleições, vai contratar os adversários
para trabalhar no seu governo.
Fantástico isso, alguém achar que
"bom, o Lula ganhou a Presidência, então ele vai chamar o pessoal
do Maluf, o pessoal do Fernando
Henrique Cardoso, o pessoal do
Collor, para trabalhar". Não. Há
vários cargos no governo que são
cargos de confiança, que é o presidente que põe e que tira. REFORMA AGRÁRIA - "A reforma
agrária vai sair não porque alguém está invadindo ou porque
alguém está matando. Ela vai sair
por uma necessidade de se fazer
justiça social no Brasil." REFORMAS E ELEIÇÕES -"Nós fizemos uma reforma que o povo
queria que fosse feita. Não tem
uma pesquisa que não diga que
mais de 70% da sociedade brasileira era favorável à reforma. Portanto não dá para você ficar com
medo de um corporativismo minoritário, porque não era o conjunto da categoria. Você pode ficar certa de que nós teremos mais
votos na próximas eleições por
conta da reforma." NOTICIÁRIO - "Eu, quando levanto de manhã, leio cinco ou seis
jornais todo santo dia. Às vezes, se
eu fosse me ater pelas manchetes
dos jornais, eu nem sairia do Palácio da Alvorada, tal era a confusão
estabelecida na praça." REFORMA TRIBUTÁRIA - "Nós vamos fazer a reforma tributária. Eu
não tenho nenhuma preocupação
com o Senado ou com a Câmara.
Nenhuma. Fazer política achando
que todo mundo tem que dizer
amém ao presidente não é possível. Fazer política achando que o
presidente é um ser superior, que
não tem que conversar com as
pessoas, não é possível." REFORMA DA PREVIDÊNCIA - ""A
reforma da Previdência foi feita
do tamanho que precisava ser feita. Eu acho que tem muita gente
criticando por inveja, porque
muitos tentaram, passaram anos
e anos no poder e não conseguiram fazer o que eu fiz em apenas
nove meses de governo." |
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