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MINISTRA NO FOGO
Se ficar provado que petista usou verba pública para ir a reunião evangélica em Buenos Aires, ela pode perder cargo
Procuradoria apurará viagem de Benedita
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal investigará se a ministra Benedita
da Silva (Assistência e Promoção
Social) usou recursos públicos em
benefício próprio na viagem que
fez a Buenos Aires na semana passada. Se a hipótese ficar comprovada, ela pode até perder o cargo
que ocupa na Esplanada.
O procedimento administrativo
-nome técnico do pedido de investigação- foi instaurado pelo
procurador Ronaldo Pinheiro de
Queiroz, do Ministério Público
Federal em Brasília.
Como se trata de uma ministra
de Estado, as diligências serão intermediadas pelo procurador-geral da República, Claudio Fonteles. "É um procedimento normal.
Vamos apurar se a viagem teve ou
não cunho privado com uso de dinheiro público", afirmou o procurador Queiroz.
Se ficar comprovado o uso de
recursos públicos para proveito
pessoal da ministra, o Ministério
Público pode agir de dois modos.
No primeiro deles, em caso de
se confirmar um "erro administrativo" -como o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva classificou o episódio-, ou seja, se não
houve intenção da ministra de tirar proveito da administração pública, o Ministério Público instaura uma ação civil pública para que
ela devolva o que gastou.
Na segunda hipótese, em caso
de ficar provado que Benedita teve intenção de se beneficiar de recursos públicos, a Procuradoria
deve instaurar uma ação de improbidade administrativa.
Segundo o artigo 37 da Constituição Federal, as punições são:
"suspensão dos direitos políticos,
a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário". Tudo sem
prejuízo de uma possível ação de
caráter penal.
Encontro religioso
Na quinta-feira da semana passada, a ministra participou em
Buenos Aires do "12º Café da Manhã de Oração", um encontro que
reuniu organizações religiosas argentinas, com destaque para as
evangélicas.
Na capital argentina, ela se hospedou no Alvear, um dos três
mais caros hotéis da cidade.
O motivo oficial da viagem, segundo informou a assessoria de
Benedita, foi um encontro com a
ministra de Desenvolvimento Social da Argentina, Alicia Kirchner,
irmã do presidente argentino,
Néstor Kirchner. A audiência, no
entanto, foi marcada depois que o
"Diário Oficial" divulgou, na
quarta-feira da semana passada, a
portaria sobre a viagem, na qual
figurava como único compromisso oficial sua participação no "12º
Desayuno Anual de Oração".
A portaria foi publicada para
formalizar a saída do país da servidora Ellen Peres, que acompanhou a ministra Benedita da Silva
na missão à Argentina.
Questionada por repórteres, Benedita atribuiu o conflito de versões sobre sua viagem para a Argentina à "perseguição religiosa".
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