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ROMBO FEDERAL
Corregedor anuncia auditoria na Delegacia Tributária do Rio para investigar suposto desvio de R$ 250 mi
Receita cria força-tarefa para apurar fraude
DA SUCURSAL DO RIO
O corregedor da Receita Federal, Moacir Leão, anunciou ontem
a formação de uma força-tarefa
que a partir da próxima semana
fará uma auditoria na arrecadação feita pela Delegacia da Administração Tributária do Rio nos
últimos cinco anos. A intenção é
identificar o tamanho do prejuízo
provocado pela suposta quadrilha
que atuava no órgão e se há outros
auditores e empresas envolvidos.
A quadrilha, que seria formada
por auditores, servidores do INSS,
despachantes e advogados, é suspeita de apagar dívidas de empresas no sistema da Receita, emitir
certidões negativas de débito, forjar fiscalizações e conceder restituição de créditos indevidos. Segundo relatório da Corregedoria
da Receita, há indícios de que 33
empresas teriam se beneficiado
do esquema, lesando o erário em
pelo menos R$ 250 milhões.
A força-tarefa, composta por 12
auditores, terá ajuda do Ministério Público Federal e prazo de um
mês para concluir a auditoria. O
relatório da Corregedoria foi realizado a partir das operações tributárias das empresas citadas em
conversas telefônicas entre os supostos integrantes da quadrilha,
gravadas pela Polícia Federal. O
documento diz que há fortes indícios de fraudes na compensação
de débitos das empresas. Há também casos de restituição indevida
de imposto de renda.
Com os débitos supostamente
quitados, as empresas conseguiam a emissão de certidões negativas de débitos, o que lhes permitia participar de licitações públicas ou vender patrimônio. O
maior débito compensado, de
uma rede de supermercados, é de
R$ 33,9 milhões. Em seguida vem
uma cervejaria, que compensou
débitos de R$ 15,1 milhões. O relatório da Corregedoria destaca a
"imensa quantidade" de notas de
compensação emitidas entre 21
de agosto e 18 de setembro deste
ano -cerca de 3.000. A maior
parte delas foi emitida pelo auditor fiscal Marcos Visconti Fiori
"fora do expediente normal". O
documento diz que Fiori, hoje foragido, é citado em telefonemas
interceptados pelos apelidos de
"Marquinhos" e "Pagador".
Ontem, mais três suspeitos de
participar do esquema se entregaram à Justiça. Agora, são 16 presos. Dez estão foragidos. Entregaram-se Nélio Augusto Manhães
Rodrigues, diretor de empresa da
empresa Pan Americana S/A Indústria, o despachante Jorge Alberto da Silva e Silva e a servidora
do INSS Nilma Fernandez.
Na 3ª Vara Federal Criminal, o
juiz Lafredo Lisboa quis saber de
Rodrigues porque a Pan-Americana apresentou Darfs pagos para
obter certidões negativas relativas
a débitos ainda em vigor. Ele perguntou porque uma fraude "grosseira" teria sido aceita pela Procuradoria da Fazenda no Rio, que
arquivou as dívidas. Quatro processos da Pan-Americana, segundo o juiz, desapareceram da Procuradoria da Fazenda no Rio.
O diretor da Pan-Americana
negou as irregularidades. "Isso [o
desaparecimento] não pode ser
verdade. Todos os 14 processos
que temos com a Receita correm
na Justiça Federal", disse Rodrigues.
(MURILO FIUZA DE MELLO, FABIANA CIMIERI E PEDRO SOARES)
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