São Paulo, domingo, 03 de novembro de 2002

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CONGRESSO

Número de políticos que declararam ter no máximo o primeiro grau completo é maior que o dobro do de 1998

Cai a escolaridade de deputados eleitos

ROBERTO DIAS
TIAGO AGUIAR
DA REDAÇÃO

É uma Câmara dos Deputados menos escolarizada a que foi escolhida pelos eleitores neste ano.
Levantamento feito pela Folha a partir de dados fornecidos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostra que mais que dobrou o número de deputados que têm no máximo primeiro grau completo em relação à eleição de 1998.
Na última votação, foram 9 os deputados eleitos que se encaixaram em uma das seguintes opções: "lê e escreve", "primeiro grau incompleto" e "primeiro grau completo". Agora são 20, divididos da seguinte forma: 2 como "lê e escreve", 8 que não concluíram o fundamental e 10 que estudaram apenas até o final do ciclo fundamental.
Na outra ponta, haverá menos gente com diploma universitário. Do total de 513 deputados eleitos para a Câmara no último dia 6 de outubro, 385 têm diploma superior, número inferior ao da última eleição (406). Se computados também os que entraram em alguma faculdade, mas não a concluíram, a escolaridade desta eleição segue mais baixa -433 neste ano contra 441 há quatro anos.
As informações utilizadas têm origem nas declarações assinadas pelos políticos no momento em que registram sua candidatura nos tribunais regionais eleitorais.
O perfil dos eleitos caminha na mesma direção do perfil dos candidatos: a escolaridade dos postulantes também havia baixado em relação a 1998.
Uma hipótese para explicar o fenômeno é a da democratização da política. Com uma crescente representação política de camadas populares, o perfil da Câmara estaria caminhando, lentamente, para se aproximar do perfil médio da população brasileira.
O levantamento mostra também que o funil das urnas acaba por privilegiar candidatos com maior nível de escolaridade. Se os candidatos à Câmara com curso superior completo chegavam apenas a 48% do total, eles são 75% dos eleitos.
Há um único Estado em que todos os deputados eleitos declararam ter curso superior completo: o Rio Grande do Norte, que tem oito cadeiras na Câmara. Já Tocantins é a única unidade da federação em que os deputados eleitos com nível médio completo são maioria -em todas as demais o grupo de deputados com nível superior completo é predominante.
Entre as cinco maiores bancadas da Câmara, a do PFL é a que tem o maior percentual de deputados com nível superior (85%) -71 dos 84 parlamentares eleitos pela sigla disseram ter diploma universitário. No PT, dono da maior bancada, o índice é de 70%. Entre as cinco agremiações com maior número de parlamentares, a escolaridade petista supera apenas a do PTB (58%).



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