São Paulo, domingo, 03 de novembro de 2002

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Empresários perdem espaço na Câmara

LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A representação empresarial na Câmara será 30% menor na próxima legislatura (2003/07). Nas últimas eleições, 100 empresários conquistaram uma cadeira de deputado federal, contra 143 eleitos em 1998. A partir do próximo ano, os advogados serão a maior categoria profissional na Câmara, com 106 representantes.
As urnas tiraram da Câmara empresários como Emerson Kapaz (PPS-SP), Duílio Pisaneschi (PTB-SP), vice-líder do governo, e Clementino Coelho (PPS-PE). Os deputados Walfrido Mares Guia (PTB-MG), empresário do setor de educação, e Moreira Ferreira (PFL-SP), ex-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), nem disputaram as eleições em outubro.
Para o presidente da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), deputado Armando Monteiro (PMDB-PE), vários fatores podem ter provocado a redução da bancada dos empresários, mas o principal foi a chamada "onda petista". "Houve um grande avanço do PT nos centros urbanos, o que reduziu consideravelmente o espaço dos partidos de centro, onde está a maioria do empresariado", argumentou Monteiro. Dos 100 empresários eleitos, 29 são do PFL; 18, do PMDB; 18, do PPB e 11, do PSDB.
A redução da bancada de empresários contraria a tese difundida por deputados favoráveis ao financiamento público de campanha. Segundo eles, com aumento do custo das campanhas, a tendência é que somente empresários consigam se eleger, se não for aprovado o financiamento público da propaganda eleitoral.
O perfil sócio-econômico da futura Câmara foi traçado pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). O órgão não identificou a ocupação principal de dez deputados eleitos.
Para o diretor de documentação do Diap, Antônio Augusto de Queiroz, responsável pelo levantamento, "o perfil sócio-econômico da Câmara será equilibrado, com boa distribuição das forças políticas por profissão, origem econômica e fontes de renda".
Os profissionais liberais serão 40% da futura Câmara, outros 40% são assalariados (metade do setor público e metade do setor privado) e os empresários (os que declaram como remuneração o rendimento de seus negócios) significarão 20% dos 513 deputados.
Mais da metade dos profissionais liberais eleitos são advogados. A partir de fevereiro, os advogados voltarão a ser a maior bancada profissional na Câmara, passando de 92 deputados eleitos em 1998 para 106 eleitos em outubro. A maioria dos advogados eleitos também é filiada ao PFL (21). No PMDB estão outros 16.
PSDB e PT têm o mesmo número de advogados eleitos: 14 cada um. Entre os petistas está o ex-prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias, eleito com cerca de 520 mil votos e cotado para presidir a Câmara ou a Comissão de Constituição e Justiça, principal comissão técnica da Casa por onde passam quase todos os projetos.
"Agora, para ser deputado tem de ser advogado ou economista", afirmou o líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP), metalúrgico como o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Para João Paulo, a política está a reboque da economia, o que exige um conhecimento mais profundo das leis e do mercado. O número de deputados metalúrgicos pouco se alterou: passou de seis para sete.



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