São Paulo, quarta, 3 de dezembro de 1997.




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Autor é ex-assessor da Câmara do Rio
Ex-petista lança livro acusando o PT

RONI LIMA
da Sucursal do Rio

No livro "Sequestro Moral. E o PT com Isso?", o ex-guerri lheiro Francisco Celso Calmon, 50, acusa a bancada de verea dores do PT do Rio de negar apoio ao projeto de moraliza ção e modernização da Câmara Municipal que ele ajudou a ela borar entre 1993 a 1995.
"Alguns parlamentares do PT do Rio deixaram a ideologia em função do voto. Todo cor porativismo é reacionário, an tidemocrático e antiverdade", escreveu Calmon. Segundo ele, "o PT do Rio tem uma banda podre e aética".
Em seu livro de 112 páginas (editora DP&A) -que será lançado amanhã à noite, na li vraria Sudeste (rua 1º de Mar ço, 11, centro do Rio), e depois em outras capitais-, Calmon fala do período em que foi che fe da Assessoria de Informática e Modernização Administrati va da Câmara do Rio.
Responsável técnico pelo projeto, que previa corte de funcionários, esse advogado, analista de sistemas e adminis trador de empresas, disse ter si do "fritado" por setores fisio lógicos da direita, com a coni vência da esquerda.
Ex-dirigente de organizações de esquerda, preso e torturado durante o regime militar, Cal mon foi colocado no cargo pelo então primeiro-secretário da Câmara, o ex-vereador petista Adilson Pires, hoje primeiro suplente da bancada.
Calmon disse ter sido pres sionado em momentos como, por exemplo, ao propor a redu ção para 13 dos 35 assessores a que cada vereador tem direito.
Calmon propôs também que fosse instituído o ponto eletrô nico para combater funcioná rios fantasmas. Chegou a anali sar inquéritos que investiga vam a contratação de funcio nários com diplomas falsos de escolaridade.
No livro, Calmon disse ter publicado dados para que o lei tor conclua "os nomes do PT e da direita que participaram dessa fritura política".
Segundo ele, a situação co meçou a se complicar após o vazamento de dois bilhetes que escreveu com críticas políticas à direção da Câmara. Calmon disse que um desses bilhetes havia sido entregue pessoal mente ao vereador Pires.
Segundo ele, a Mesa Diretora da Câmara passou então a pressioná-lo para se demitir, e a bancada do PT (então com sete vereadores, a maior da ca sa) não lhe deu apoio político.
Por fim, foi publicada nota em um jornal do Rio que afir mava que Calmon estava ten tando demitir uma funcionária recém-contratada porque ela resistia às suas cantadas.
Ela negou o teor da nota e Calmon acabou vencendo uma ação indenizatória contra o jornal. Mas, na época, em julho de 95, ele se sentiu sem condi ções de permanecer no cargo.

Outro lado
Membro do diretório nacio nal do PT, o vereador Jorge Bit tar disse que a administração do então primeiro-secretário da Câmara Municipal do Rio, o petista Adilson Pires, "foi um exemplo de postura ética e de moralização" da casa.
Bittar afirmou que "não há a menor procedência" nas acu sações de que a bancada não te ria dado apoio político ao pro jeto de modernização.
Segundo o vereador, Calmon pediu demissão porque seria exonerado, pois a acusação de assédio sexual contra ele "criou um constrangimento geral para todos nós, não só pa ra o Adilson Pires".
A Folha procurou o ex-verea dor Adilson Pires em sua casa. Até o fim da tarde de ontem, ele não havia retornado a ligação.



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