São Paulo, domingo, 03 de dezembro de 2000

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PAINEL


Fábula desfeita
O general Alberto Cardoso (Segurança Institucional) reconheceu, no depoimento secreto que prestou ao Senado, que não achou as fitas do grampo do BNDES embaixo de um viaduto. Recebeu-as de agentes da Abin no Rio de Janeiro.

Mercado aquecido
O Planalto queima os neurônios para enquadrar os ex-arapongas. Vários deles deixam o serviço "magoados" e "cheios de ódio", avalia-se na Abin. Não raro, levam arquivos secretos para casa e logo encontram clientela disposta a pagar bem pelos papéis e serviços que deixaram de fazer para o governo.

Soldo de Natal
FHC bateu o martelo com os militares. O aumento de salários sai nos próximos dias. O anúncio será feito em grande estilo.

À disposição
Se FHC decidir convidá-lo para substituir Luiz Felipe Lampreia no Itamaraty, o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, ficaria muito honrado e aceitaria, sim, com prazer.

Caminho livre
Não há impedimento legal para que Bornhausen acumule a presidência do PFL e um ministério. O problema é apenas político. Quando foi embaixador em Portugal, o catarinense transferiu o comando da sigla para o senador José Jorge (PE), hoje um dos quatro vices da legenda.

Prazo de validade
O Planalto avalia que qualquer solução pra o imbróglio da base aliada que fosse tomada já não duraria mais que dez dias. FHC está convencido de que ainda será preciso apagar vários focos de incêndio na esperança de encontrar uma saída política para a crise no final de janeiro.

Cortina de fumaça
Aliados de Sarney esperam que ele discorde de ACM nos próximos dias. Jogo de cena para voltar a se credenciar como opção de consenso ao Senado.

Prato frio
José Serra estava jantando em São Paulo, na sexta, quando recebeu a notícia da decretação da prisão domiciliar de Augusto Pinochet. Abriu um largo sorriso de satisfação. O ministro era exilado no Chile quando o ditador deu o golpe de Estado, em 73.

Em campanha
Aliados de Tasso Jereissati (PSDB) no Ceará já estão em clima de 2002. Dias atrás, na inauguração de uma estrada, o governador foi saudado pelo prefeito de Maracanaú, Júlio César, como "o futuro presidente do Brasil". Tasso apenas sorriu.

Trincheira neoliberal
A "bancada" do sistema financeiro tem gente em todas as siglas, mas o PFL é o principal foco de resistência à flexibilização do sigilo bancário, de cuja aprovação depende o mínimo de R$ 180 defendido por ACM. Espera-se, no Planalto, que o cacique baiano ponha ordem na tribo.

Recado interno
Piada que circulou durante a semana na bancada petista da Câmara paulistana: "Todo mundo sabia que o governo seria suprapartidário. Só não imaginava que o PT ficaria de fora."

Entulho político
O PT descobriu que Celso Pitta desmontou a Usina de Reciclagem de Entulho da prefeitura paulistana. A usina foi montada na gestão Luiza Erundina por cerca de U$ 1 milhão.

Hora da vingança
De Pitta, sobre Marta: "O PT deu a volta à Terra e chegou aonde a prefeitura está. Manterá o Cingapura, quer os 15% de remanejamento no Orçamento e vai prorrogar os contratos do lixo que tanto denunciou, depois de a campanha de Marta receber R$ 1 mi das empresas do setor".

Proposta generosa
O PPS, que discute a fusão do partido com o PTB, faz duas exigências: quer a secretaria-geral e a secretaria política. Não faz questão da presidência e aceita a manutenção da sigla PTB.


TIROTEIO
Do deputado Delfim Netto (PPB-SP), sobre a viagem de Luiz Inácio Lula da Silva a Cuba:
- Foi um réquiem, uma missa de sétimo dia de sua candidatura presidencial. De agora em diante, Lula é um forte candidato ao Senado por São Paulo.


CONTRAPONTO
Renda mínima heavy-metal

Nas últimas eleições, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) se dispôs a dar uma força à campanha de Marcelo Déda (PT-SE) à Prefeitura de Aracaju.
Déda ficou animado e organizou o comício. Suplicy falou antes do candidato. Como sempre, passou a discorrer sobre seu projeto de renda mínima. O discurso parecia interminável.
Cerca de 40 minutos depois, restavam alguns gatos pingados na platéia. Os petistas começaram a fazer sinais desesperados para Suplicy encerrar a fala. Ele demorou a perceber, mas, enfim, passou a palavra a Déda.
O candidato pegou o microfone e começou a falar:
- Companheiros,...
Suplicy então tomou de volta o microfone e começou a gritar:
- Déeeda, Déeeda, Déeeda!
Desolado, o candidato comentou com um amigo ao lado:
- Só faltava essa. Saiu o Suplicy e entrou o Supla!!!



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