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JUDICIÁRIO
Para eles, limite viola os princípios da Federação
Presidentes de TJs criticam limite de recurso para gasto com pessoal
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TERESINA
Presidentes dos TJs (tribunais
de Justiça) reunidos anteontem
em Teresina, Piauí, criticaram a limitação de recursos para gastos
com pessoal imposta ao Poder Judiciário pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Em mais uma etapa na disputa
por recursos, os desembargadores afirmaram que a lei viola os
princípios da Federação ao restringir os gastos de um órgão público estadual -no caso os Tribunais de Justiça- a 6% da receita líquida dos estados.
"Não somos contra a lei, mas
contra o engessamento que ela
provoca no Judiciário, um violento atentado à Federação", disse o
presidente da comissão executiva
do colégio de presidentes de TJs,
José Fernandes Filho.
Para ele, a limitação dos gastos é
assunto restrito à economia interna dos estados.
Prestador de serviços
"Os governadores e os presidentes dos TJs são quem devem
decidir como repartir a receita
pública diante das prioridades",
disse.
Segundo Fernandes Filho, o Judiciário não pode ter seus recursos limitados pela Lei de Responsabilidade Fiscal por ser um um
apenas um prestador de serviços.
"Nós não construímos estradas,
não somos responsáveis pela Saúde e pela
Educação", afirmou.
Pedido de liminar contra essa
restrição já foi indeferido pelo
STF (Supremo Tribunal Federal)
por 6 votos a 5.
O mérito da ação, no entanto,
ainda será julgado, após parecer
do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro.
Há ansiedade entre os desembargadores com a saída do ministro Octavio Galotti, que apóia as
reivindicações dos TJs.
Ninguém sabe qual será a posição da ministra que ocupará o seu
lugar no STF, Ellen Gracie Northfleet, indicada para o cargo pelo
presidente FHC e aprovada em
sabatina pelo Senado.
O ministro do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), Vicente Leal,
que também participou da reunião, defende que eventuais mudanças na lei só ocorram após o
exercício do novo modelo legal.
"Temos que viver a lei na vida
prática para ver o que há de ser
modificado ou não", disse. "Tenho ouvido opiniões dos presidentes dos tribunais, que clamam
contra o fenômeno do engessamento, mas eu creio que primeiro
temos que experimentar."
"No Brasil, as pessoas gostam
muito de agir com base na emoção. Eu creio que aí há de se viver
a razão", afirmou Vicente Leal.
O ministro, no entanto, concorda com os presidentes dos TJs sobre o risco de estagnação do Judiciário que não "pode deixar de
atender a demanda por falta de
dotação orçamentária", disse.
"É preciso que haja entrosamento entre os poderes da República para que, na época própria,
promovam as complementações
orçamentárias adequadas para
que o aparelho judiciário não seja
impedido de funcionar", disse.
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