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Juiz vê "ingerência dentro do Judiciário"
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TERESINA
O presidente do TJ (Tribunal de
Justiça) de Mato Grosso, desembargador Munir Feguri, disse anteontem em Teresina (PI) que o
Executivo tem ingerência dentro
do Judiciário e que leis votadas no
atual governo denigrem a imagem e enfraquecem o Poder do
qual faz parte. "Isso é perigoso para a nação, mas é essa a política
hoje desse governo", disse à
Agência Folha. Leia, a seguir, trechos da entrevista.
Agência Folha - Qual a sua opinião sobre a aplicação da Lei de Responsabilidade Fiscal no Judiciário?
Munir Feguri - Nós vemos a aplicação da lei, principalmente
quanto aos 6% (limite de gastos
com pessoal em relação à receita
do Estado) com muita apreensão.
Em meu Estado estamos com
8,2% de gastos com pessoal. Mato
Grosso está em franco desenvolvimento e o Judiciário tem a obrigação de acompanhar, mas, com
essa lei, o que vai acontecer é uma
paralisação total.
Agência Folha - O que pode acontecer?
Feguri - Não poderemos mais
fazer concurso, nomear funcionários e, se necessário, teremos que
demitir para nos adequarmos.
Agência Folha - Qual a solução?
Feguri - A esperança que nós temos é o Estado aumentar a sua arrecadação vertiginosamente.
Agência Folha - Essa vinculação
do Judiciário à receita afeta a independência dos Poderes?
Feguri - Afeta, e muito. Se a receita for maior, os 6% aumentam
também. Se for a mesma, aí a paralisação é geral.
Agência Folha - Como o sr. avalia
a decisão do STF de não conceder liminar contra a aplicação da Lei de
Responsabilidade Fiscal no Judiciário?
Feguri - Nós perdemos por 6 votos a 5 no Supremo. Eu acho que
há ingerência do Executivo dentro do Poder Judiciário. Ele não
teria esse direito de ingerir como
vem ingerindo. Hoje, leis que estão para ser votadas, e são votadas
nesse governo, são para denegrir
a imagem do Judiciário e para ter
um Judiciário cada vez mais fraco,
mais impotente. Isso é perigoso
para a nação, mas é essa a política
hoje desse governo. Infelizmente
isso está acontecendo e nós não
sabemos onde vamos parar.
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